É amplamente divulgado que o exame RT-PCR é o melhor teste para identificar a presença da infecção ativa pelo Sars-COV-2 no organismo. Ele é feito com swab, aquela espécie de cotonete longo, por onde é colhido amostra do fundo do nariz e da garganta.
Já os testes de anticorpos IgM, IgG e anticorpos totais são comuns a quem desconfia que está infectado já alguns dias por possuírem sensibilidade para detectar se houve contato prévio com o vírus, mas não são específicos para a neutralização do SARS-CoV-2, ou seja, não apontam se a pessoa está imune ou não a uma reinfecção.
A infecção pelo SARS-CoV-2 é marcada por diversas particularidades em aspectos clínicos e diagnósticos. Mesmo para testes diagnósticos clássicos, a interpretação dos resultados diante de pacientes sintomáticos ou assintomáticos pode ser desafiadora, uma vez que difere do que ocorre em outras doenças.
A possibilidade de reinfecção e a introdução de vacinas aumentou o interesse por métodos que pudessem ajudar a determinar o status imune de um indivíduo, adicionando importância no conhecimento em relação a alguns métodos, sendo a sorologia um dos mais solicitados. Contudo, será que esse método é realmente útil para esse objetivo?
Baseados na RBD (Receptor Binding Domain) e proteína Spike dos anticorpos totais (IgA, IgM e IgG), a testagem dos anticorpos neutralizantes é o exame específico para detectar a neutralização do vírus. Ou seja, diferente dos demais exames sorológicos, é responsável por conferir a imunidade após a infecção ativa, sendo a opção correta para quem deseja saber quais são os níveis de anticorpos capazes de bloquear a entrada do vírus nas células presentes no organismo.
A partir de uma coleta de sangue simples em pessoas que tiveram covid ou foram expostas ao vírus há mais de 21 dias, o exame analisa se o indivíduo possui anticorpos capazes de neutralizar a entrada do SARS-CoV nas células, podendo evitar a replicação viral e, consequentemente, a reinfecção e o adoecimento. Porém, até hoje não se sabe ao certo qual é o nível de anticorpos necessário para evitar a doença.
Para o teste, a amostra de sangue é levada para análise em laboratório, onde é utilizado um reagente que imita a estrutura do receptor que o vírus usa para se ligar e entrar na célula humana, sendo assim capaz de analisar especificamente se há presença de anticorpos neutralizantes e a quantidade deles no organismo.
O resultado desse teste é dado em % de inibição do vírus correlacionada ao teste de neutralização viral, sendo < 20%: sem atividade de neutralização; >=20%: indicativo da presença de anticorpos neutralizantes.
As principais vantagens do teste de anticorpos neutralizantes são:
- Alta Sensibilidade: 98,7% em pacientes com mais de 14 dias desde o início dos sintomas
- Alta Especificidade: 96,5%
- Concordância versus ensaio de neutralização VNT: 100%, quando utilizado a limiar de reatividade de 20% como taxa de inibição para o resultado do teste
Atenção: o teste é contraindicado para o diagnóstico de infecção aguda. Além disso, a presença de anticorpos neutralizantes não contrapõe a necessidade de manter as medidas de segurança propostas pelos órgãos de saúde, como o uso de máscaras, higiene constante e distanciamento social. (Assessoria)