A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou na segunda-feira (20) o uso do medicamento Mounjaro (tirzepatida) para o tratamento da apneia obstrutiva do sono (AOS) em adultos com obesidade. A decisão, publicada no Diário Oficial da União, marca a primeira aprovação de uma terapia medicamentosa para a condição no Brasil.
Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o Mounjaro já era indicado para o tratamento do diabetes tipo 2 e da obesidade e agora ganha nova aplicação ao demonstrar eficácia significativa na redução dos episódios respiratórios durante o sono.
O que é a apneia obstrutiva do sono e por que está ligada à obesidade
A apneia obstrutiva do sono é uma doença caracterizada pela interrupção repetida da respiração durante o sono, causada pelo bloqueio parcial ou completo das vias aéreas superiores. Segundo a Academia Americana de Medicina do Sono (AASM), essas pausas podem durar entre 10 e 30 segundos — em alguns casos, até mais de um minuto —, comprometendo o descanso e a oxigenação do corpo.
A AASM aponta que o sobrepeso e a obesidade são os principais fatores de risco, já que o acúmulo de gordura na região da garganta facilita o colapso das vias respiratórias. A doença está relacionada a diversas complicações cardiometabólicas, incluindo hipertensão, diabetes tipo 2, AVC e insuficiência cardíaca.
Estudos mostram alta eficácia do Mounjaro na redução dos sintomas
A aprovação da tirzepatida teve como base os resultados do estudo de fase 3 SURMOUNT-OSA, publicado no New England Journal of Medicine em 2024, que demonstrou eficácia e segurança na redução dos sintomas da apneia moderada a grave.
De acordo com a Eli Lilly, pacientes que utilizaram o Mounjaro apresentaram:
- Redução de até 30 interrupções respiratórias por hora de sono;
- Perda média de 20% do peso corporal após um ano de uso;
- Remissão parcial ou total da apneia em metade dos casos analisados.
O medicamento demonstrou resultados positivos tanto entre os pacientes que já utilizavam o CPAP (equipamento de pressão positiva contínua) quanto em quem não usava o aparelho. Em alguns casos, o tratamento reduziu a necessidade do CPAP.
Um marco terapêutico para pacientes com apneia
Para Luiz André Magno, diretor médico sênior da Eli Lilly, a aprovação representa “um marco transformador para pacientes obesos com apneia, uma condição subdiagnosticada e com poucas opções de tratamento”.
“Mounjaro oferece uma nova esperança ao abordar a causa da doença, promovendo a redução de peso e a melhora da respiração durante o sono”, declarou Magno.
Como o Mounjaro atua
O Mounjaro é composto por tirzepatida, uma molécula agonista duplo dos hormônios GLP‑1 e GIP, que regulam apetite e glicose. A substância estimula a produção de insulina, promove saciedade e reduz a ingestão calórica, contribuindo para o emagrecimento e a melhora metabólica.
O medicamento é aplicado por meio de injeção subcutânea semanal (em caneta dosadora) e permanece de uso controlado, mediante prescrição médica.





