Nesta Quarta-Feira de Cinzas, 5 de março de 2025, o Ibovespa encerrou com alta tímida de 0,20%, aos 123.046,85 pontos, em uma sessão reduzida após o Carnaval. O índice da B3 oscilou em uma margem estreita de 617 pontos, entre a mínima de 122.747,06 e a máxima de 123.364,03, com giro financeiro de R$ 20,2 bilhões. Apesar da pressão da Petrobras (ON -4,61%, PN -3,65%), o desempenho positivo de bancos e outras blue chips garantiu o leve ganho. No ano, o Ibovespa acumula alta de 2,30%.
Petrobras e Petróleo Pesam, Mas Bancos Sustentam o Índice
A queda da Petrobras foi influenciada pela retração do petróleo no mercado internacional, que caiu pela quarta sessão consecutiva. O WTI para abril recuou 2,85%, a US$ 66,31 por barril em Nova York, enquanto o Brent para maio cedeu 2,44%, a US$ 69,30 em Londres. Segundo Luise Coutinho, da HCI Advisors, o movimento reflete a decisão da Opep de aumentar a produção em abril e o relatório do Departamento de Energia dos EUA, que indicou estoques maiores da commodity.
Além da Petrobras, empresas como Prio (-2,10%) e Brava (-8,27%) também sofreram com o cenário. No entanto, o Ibovespa foi sustentado pela alta de Vale ON (+0,80%) e do setor financeiro, com ganhos de Santander Unit (+1,43%), Bradesco PN (+2,05%) e outros bancos. Destaques positivos incluíram Embraer (+8,79%), Marfrig (+7,04%) e Ambev (+4,58%), enquanto Automob (-4,00%) e Ultrapar (-3,79%) figuraram entre as maiores perdas.
Contexto Global e Impacto no Brasil
No exterior, as bolsas americanas renovaram máximas após a divulgação do Livro Bege do Federal Reserve, que apontou leve crescimento econômico em janeiro, mas também gastos menores dos consumidores e alta de preços em vários distritos. Em Nova York, o Dow Jones subiu 1,14%, o S&P 500 avançou 1,12% e o Nasdaq ganhou 1,46%.
As tarifas impostas por Donald Trump a Canadá, China e México geraram tensões comerciais, mas o Brasil, não afetado diretamente, pode se beneficiar. “A relação com os EUA pode sair fortalecida, o que explica a queda do dólar frente ao real”, avalia Virgílio Lage, da Valor Investimentos. O dólar caiu 2,71%, a R$ 5,7560, e a curva de juros doméstica ajustou-se para baixo.
Rumores de adiamento das tarifas a montadoras do México e Canadá, reportados pela Bloomberg, também influenciaram o humor do mercado. Fontes indicaram reuniões entre a gestão Trump e líderes da Ford, General Motors e Stellantis, com discussões marcadas para esta quarta-feira na Casa Branca.
Resiliência e Limites do Ibovespa
Apesar da resiliência, o Ibovespa enfrenta dificuldades para romper a faixa entre 125 mil e 128 mil pontos. “O mercado mostra força, mas falta propulsão”, diz Jonatas Faura, da WIT Invest. Ele cita a expectativa de alta da Selic pelo Copom em março e incertezas globais como entraves. “Não fosse a queda do petróleo e da Petrobras, o desempenho teria sido bem melhor”, reforça Lage.
Perspectivas para o Mercado Brasileiro
O Brasil se destaca em um cenário de dólar fraco e ausência de tarifas diretas dos EUA, mas o desempenho do Ibovespa segue atrelado a variáveis como o preço das commodities e a política monetária local. Por ora, o índice da B3 mantém ganhos modestos em um início de março marcado por volatilidade e resiliência.
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