Um movimento nacional organizado pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) de greve dos caminhoneiros vem ganhando mais adesões da categoria. Hoje, o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens da Baixada Santista e Vale do Ribeira (Sindicam) aderiu ao movimento.
Caminhoneiros autônomos, no entanto, já realizavam de forma isolada manifestações próximas ao Porto de Santos desde o último domingo, 25. Eles pedem a instalação de um posto fixo da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) no Porto de Santos para fiscalizar o pagamento do frete mínimo pelas empresas que atuam no cais.
Com relação ao protesto no Porto, o ministério da Infraestrutura afirma que “não houve nas últimas 24 horas qualquer interrupção no acesso ao Porto de Santos e a movimentação permanece sem restrições”. Cerca de 30 manifestantes estão à margem direita, com faixas, mas sem interdição do tráfego.
“Importante registrar que vídeos com imagens de filas de caminhões no acesso ao porto registram a movimentação normal de carga e descarga nos terminais, e não indícios de paralisação”, diz o ministério.
Sindigran declara apoio aos atos
O Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Carga a Granel de Santos, Cubatão e Guarujá (Sindgran), que movimentam basicamente grãos e fertilizantes, decidiu apoiar a paralisação nacional dos caminhoneiros. O apoio é “parcial” e será reavaliado pela diretoria do sindicato na manhã de quarta-feira, segundo o presidente do Sindigran, José Cavalcanti de Andrade. “Amanhã teremos reunião interna às 10h para avaliar o rumo que os atos vão tomar e ver como continuará sendo a situação e a nossa adesão. Depois, voltaremos a conversar com outras entidades e orientar nossos associados”, disse Andrade, que é conhecido como Salgadinho, ao Estadão/Broadcast. O movimento nacional é organizado pelo Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC).
Segundo Andrade, a orientação do Sindigran é de que seus 1,15 mil motoristas associados mantenham os veículos estacionados nos pátios, sem interdição de rodovias. “O movimento é legítimo. Não vai ter obstrução no porto”, disse. Andrade destacou que os protestos não são convocados pelo Sindigran, mas que o sindicato entendeu ser necessário o apoio ao movimento, assim como outras cooperativas e associações da Baixada Santista. “Queremos evitar conflito de caminhoneiros de segmentos diferentes. Somos todos da mesma categoria”, apontou.
Segundo ele, o principal motivo que levou o sindicato a apoiar os atos é a defesa do cumprimento do piso mínimo do frete rodoviário. “Se o frete for respeitado, não importa o valor do diesel.”Andrade também rechaçou as acusações de que os atos estariam ligados a grupos políticos. “Não podemos usar a categoria para fazer politicagem. Entendemos que o movimento precisa de pauta consistente, chamar quem pode nos atender e, depois de todas negociações e diálogos, aderir ou não ao movimento paredista”, comentou.
O Sindigran calcula que entre 3 mil e 5 mil caminhões, incluindo cargas de contêineres e a granel, circulam pelo porto de Santos por dia, fazendo tanto o carregamento quanto o descarregamento de navios. Destes, em torno de 500 a 600 caminhões fazem diariamente o carregamento direto de navios em Santos com cargas a granel destinadas à exportação. “Contando também o descarregamento, há cerca de 1,5 mil caminhões por dia com grãos e adubos que rodam pelo terminal”, afirmou Andrade. Segundo ele, as principais cargas movimentadas pelos caminhoneiros associados ao Sindigran são soja, milho, trigo, açúcar e fertilizantes.
O presidente do Sindigran confirmou os relatos de que há quatro navios atracados no Porto de Santos que interromperam a operação de descarga direta porque os caminhões que seriam usados para transportar a carga não estavam operando. “São quatro embarcações com fertilizantes que chegaram por Santos e que seguirão aguardando caminhões para descarregar”, apontou Andrade.
Fonte da área de grãos relatou não ter observado até o momento problemas com bloqueios em rodovias ou dificuldades de contratação de frete ou chegada das cargas aos portos. “Não tenho notícia de ninguém que tenha causado algum tipo de problema por enquanto”, disse. A fonte afirmou que acompanha a situação de Santos, mas que muitas cargas chegam por ferrovia ao porto e que existem alternativas de escoamento pelo Norte do País.
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