Segundo o Ministério Público Federal, as suspeitas que recaem sobre Eduardo Bim, em especial sua ‘motivação no contexto dos embaraços à Operação Handroanthus’ – investigação que culminou em apreensão histórica de madeira ilegal da Amazônia – teriam ‘relação direta e incindível’ com as acusações imputadas a Salles. “Tais circunstâncias justificam, ao menos no momento, a manutenção do objeto investigativo sob a supervisão de um único juízo: esta Corte Suprema”, defendeu a PGR.
Assim como Salles, Eduardo Bim também é alvo de outro inquérito que tramita no STF, este sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, o da Operação Akuanduba. No âmbito da apuração sobre ‘grave esquema de facilitação ao contrabando’ de madeira , o servidor foi afastado da presidência do Ibama , foi alvo de buscas da PF e teve seus sigilo bancário e fiscal quebrados.
O novo parecer da PGR foi elaborado após Cármen Lúcia apontar que o parecer da PGR sobre o caso ‘se omitiu’ sobre os fatos imputados a Eduardo Bim na notícia-crime assinada pelo delegado Alexandre Saraiva, ex-chef da PF no Amazonas que caiu após atritos com Salles. A ministra havia apontado que ‘há de haver encaminhamento’ quanto ao presidente afastado do Ibama e pedido manifestação da PGR com a máxima urgência.
No documento, o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros alegou que o órgão havia se limitado a ‘apreciar a robustez dos indícios’ relacionados a agentes com foro por prerrogativa de função junto ao Supremo, o que não é o caso de Eduardo Bim.
O vice-PGR indicou ainda que por vezes o Supremo desmembra inquéritos, remetendo a instâncias inferiores casos de servidores sem foro na corte máxima e frisou que tal circunstância ‘não afasta a condição de investigado que há de recair’ sobre Eduardo Bim e outras pessoas que eventualmente venham a ser citadas no inquérito.
De acordo com a PGR, a notícia-crime baseada na Operação Handroanthus indica que o presidente afastado do Ibama encaminhou, em 6 de abril deste ano, ao Diretor-Geral da Polícia Federal, um ofício pedindo ‘envio das peças de informação, incluídos os documentos técnicos/periciais, que embasam a operação e as apreensões’ ocorridas no âmbito da investigação sobre a extração de madeira ilegal da Amazônia.
Segundo o delegado Alexandre Saraiva, autor da notícia-crime, a o pedido ‘caracterizaria uma tentativa de acesso à investigação, com o objetivo de desqualificá-la, sobretudo porque a mencionada autarquia ‘desde o início da operação, manteve-se inerte, desinteressada em exercer seus poderes de polícia ambiental”.
“Na certeza de que ab initio (desde o início) a cisão de investigações em instâncias diversas pode, sim, se mostrar contraproducente, o Ministério Público Federal pugna pela preservação sob a jurisdição de V. Exa. de todos os fatos noticiados quanto ao Ministro Ricardo de Aquilo Salles, seus subordinados e eventuais outros agentes que se elucidem na investigação aberta sob o controle de V. Exa”, registrou Humberto Jacques de Medeiros no novo parecer enviado a Cármen Lúcia.
Comentários estão fechados.