“A intimidação nunca nos impediu”, declarou Guaidó aos jornalistas que estavam à porta da residência, onde também se aglomerou um pequeno grupo de apoiadores do político.
O opositor, que disse não ter sido preso devido à presença da imprensa e de seguidores, detalhou que os policiais que tentaram prendê-lo não tinham nenhum tipo de identificação. Isso o levou a chamar a tentativa de prisão de “sequestro”.
“Entraram em nossa residência sem qualquer tipo de ordem, sem qualquer tipo de identificação, apontando armas grandes, detonaram um explosivo dentro do porão de nosso prédio”, relatou Guaidó, ao mesmo tempo em que denunciou que seu motorista foi espancado fora do veículo e amarrado. “Não sei onde ele está agora, estou procurando informações”, acrescentou, culpando o governo de Nicolás Maduro pelo que aconteceu.
Guaidó também denunciou que não sabe onde o ex-deputado da oposição Freddy Guevera, que foi preso minutos antes de os policiais aparecerem em sua residência, é mantido.”Quem está assediando e sequestrando Freddy Guevara, que o perseguiu até o porão e que detonou um explosivo no porão de nossas casas?”, questionou.
Guaidó aproveitou a oportunidade para se dissociar das acusações do governo de Maduro de estar supostamente ligado aos grupos armados instalados no Bairro Cota 905, em Caracas, e reiterou que essas gangues são financiadas pelo governo, ao qual ele se refere como “ditadura”.
Além disso, o ex-parlamentar perguntou ao regime se com essa tentativa de prisão eles estão “sabotando” o processo de negociação que ele vem impulsionando.
“Eles têm medo de chegar a um acordo de salvação nacional? É a ditadura que o teme em qualquer caso. Permanecemos firmes em nossas convicções e no que estamos procurando”, disse. “É um acordo para salvar a Venezuela. Se eles pensam que intimidar, se pensam que gerar algum tipo de assédio vai nos deter, isso não vai acontecer.”
O governo vinculou Guevara e seu padrinho político, Leopoldo López, aos violentos confrontos da semana passada em um bairro de Caracas, que deixaram pelo menos 26 mortos.
Guevara, um ex-líder estudantil de 35 anos, foi acusado de incentivar a violência em protestos que buscavam a saída de Maduro e deixaram cerca de 125 mortos entre abril e julho de 2017. Após autorização para processá-lo, ele se refugiou na Embaixada do Chile até que Maduro o perdoou e ele saiu em liberdade.
Sua prisão ocorre em um momento em que a oposição e o governo procuram sentar-se para retomar as negociações, poucos meses após a realização das eleições regionais no país.
Guevara fez parte do grupo de oposição que se reuniu na semana passada com uma delegação da União Europeia que estuda a possibilidade de enviar uma comissão de observação eleitoral para novembro. (Com agências internacionais)
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