Após manifestação do MPPR, Município realiza simulação de tráfego na área do novo terminal urbano

No documento expedido pela 1ª Promotoria de Justiça da Comarca de Pato Branco, dois apontamentos foram feitos, dentre eles, a solicitação de parecer técnico apontando eventuais alternativas de adequação do projeto do entorno

Com prazo até a quinta-feira (16), segundo nota divulgada pelo Departamento de Comunicação da Prefeitura de Pato Branco, para encaminhar resposta a 1ª Promotoria de Justiça do Ministério Público do Paraná, comarca local, referente a Recomendação Administrativa nº 01/2023, a Secretaria de Engenharia e Obras de Pato Branco, iniciou na sexta-feira (10), com previsão de se estender até o sábado (18), a simulação de fluxo na área do entorno do novo terminal urbano.

A simulação abrange partes das ruas Caramuru, Araribóia e Pedro Ramires de Mello. Neste contexto, foram colocadas em prática intervenções apresentadas ainda no projeto de concepção do terminal urbano, em meados de 2015, como a circulação por canaleta, área restrita para os ônibus, e supressão de vagas de estacionamento.

A ação, conforme o secretário de Engenharia e Obras, Daniel Parcianello, está sendo considerada como um teste “para que a gente sinta como vai ser nosso dia a dia com o terminal.”

De acordo com Parcianello, que na sexta-feira acompanhou a circulação de um ônibus no espaço onde será a área de embarque e desembarque dos passageiros, “somente um ônibus não representa como será o funcionamento do terminal, tendo em vista que o fluxo de ônibus será constante. É apenas um teste para sabermos como será o fluxo de carros, pedestres e dos ônibus, além de como será para quem mora na região”, reforça o secretário.

Ele ainda confirmou que os apontamentos que serão observados com a simulação devem compor a resposta do Município ao MP.

Conflitos

Um dos pontos de maior conflito e que vem gerando grande mobilização da população do entorno, é o trecho da rua Pedro Ramires de Mello, que segundo projeto deve receber os coletivos urbanos que trafegam da rua Tamoio, no sentido Sul/Norte, mas também absorver a circulação dos coletivos que ao passarem pela Caramuru,  no sentido Norte/Sul, em canaleta própria em frente à Prefeitura, onde devem entrar na contramão na Araribóia, circular o terminal, para novamente acessar a Caramuru para seguir o itinerário.

Nesta área de circulação dos ônibus do transporte coletivo, estão previstas duas pistas, uma para o acesso ao terminal, nas áreas de embarque e desembarque, e outra que permite a circulação dos ônibus.

Ocorre que os moradores do entorno do terminal, em especial da rua Pedro Ramires de Mello, argumentam que a via de acesso a suas residências (pelo menos quatro edifícios) se torna inviável, e ainda ampliam o debate, argumentando que veículos de socorro, como Samu e Bombeiros em eventuais necessidades não teriam mobilidade.

Com relação a via de circulação de veículos leves pela Pedro Ramires de Mello, Parcianello afirmou que “o funcionamento seria de uma via única”, como em toda a simulação estão sendo utilizados cones para demarcar os espaços, ele pontuou que a largura da pista de rolamento naquela região seria um pouco mais larga do que a delimitação de uma vaga de estacionamento, assim afirmou “onde estão os cones é onde seria nosso muro.”

Parcianello evitou comentar possíveis ajustes no projeto do entorno, afirmando que “esses cones é o que o projeto está pedindo hoje, eu não vou entrar em mérito de projeto agora, estamos colocando como foi projetado.”

Questionado pela reportagem do Diário do Sudoeste sobre a circulação de veículos na Pedro Ramires de Mello, e não apenas para uso dos moradores deste ponto, como foi cogitado durante o início dos projetos do entorno do novo terminal, o secretário afirmou que “o tráfego de veículos como está, é como está no projeto.”

Projeto

O Diário teve acesso a uma série de documentos, que são públicos, e que integram a concepção da obra do terminal urbano, com isso buscou alguns profissionais para comentá-los.

Profissionais que trabalharam na Prefeitura de Pato Branco em outras ocasiões, afirmam que a obra do novo terminal urbano integrava uma nova concepção para este ponto da cidade. Que iniciava com a retirada do prédio da prefeitura do Centro, e por si só, já contribuiria para uma redução do fluxo de veículos nesta região. Contudo, com a troca de governo, o projeto da nova prefeitura foi rejeitado.

Um interlocutor ouvido pelo Diário afirmou que “não existe outro lugar no Centro de Pato Branco para construir um terminal, que não seja aquele (antiga praça Rotary). Também temos que levar em conta que a construção do terminal e a viabilidade dele foi condicionada a saída da Prefeitura daquele ponto.”

Esta mesma pessoa lembrou que com a implantação do terminal, as vagas de estacionamento suprimidas pela obra, voltam a existir, com a retirada dos ônibus da praça Santos Dumont, onde está a Casinha do Artesão.

Outra pessoa ouvida pela reportagem, avaliando a situação da rua Pedro Ramires de Mello, afirma que a largura da via é compatível e permite o acesso dos moradores. Segundo essa pessoa, para a área de circulação dos ônibus (embarque e desembarque e ainda tráfego) seria necessários 6,82 metros de largura, para o trânsito na Pedro Ramires de Mello seriam preservados 2,54 metros.

Um terceiro profissional ouvido pelo Diário explicou que o desnível da obra do terminal urbano, a concepção da obra tem uma diferença do que foi proposto agora. Segundo este interlocutor, esta avaliação é em uma observação prévia, e sem entrar em detalhes.

Ainda com relação ao desnível, a proposta inicial, onde ficam os platôs dos ônibus, ficaria uma calçada onde os ônibus iriam parar. O desnível seria pequeno, conforme teste feito na época.

“Hoje se argumenta que o acesso das pessoas seria dificultado, porém, o projeto contemplava uma faixa elevada, pensando no cuidado com os pedestres”, afirma o entrevistado pela reportagem, que trabalhou no início dos projetos do entorno do terminal urbano e pontua que “a intenção era deixar de mais acesso somente para os moradores, seria uma rua de servidão (aos moldes da rua Carlos Roberto Carraro, conhecida como Ladeira do Beto), seria uma rua menos movimentada, com velocidade baixa. Também existe a opção de remoção dos postes da calçada da área de moradias, transformando naquele ponto um conjunto de calçada, sarjeta e rua, ou ainda, a opção de fazer uma faixa de calçadão, para que o tráfego de veículos ocorra encima de um passeio mais largo”.  Contudo, segundo este terceiro profissional ouvido pelo Diário, os projetos (de tráfego do entorno) que iniciaram na gestão passada, não tiveram continuidade. Assim, o modelo de tráfego na Pedro Ramires de Mello foi pensando por profissionais da atual gestão.

Com relação a circulação de bombeiros e Samu, este profissional afirma que para serviços de urgência e emergência, estas equipes podem utilizar a área destinada aos ônibus.

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