“Eu acredito que, para o skate do Brasil, isso é uma grande conquista. É gratificante estar aqui. Acredito que vai ter muito mais medalhas e abrimos as portas para muita gente”, declarou. Na segunda-feira, será a vez das mulheres. E o Brasil será representado por Pamela Rosa, Letícia Bufoni e Rayssa Leal.
Kelvin acredita que poderia ter buscado o ouro se as condições estivessem um pouco favoráveis. “Se não fosse o vento daria para ter ficado com o ouro. Isso foi um empecilho para mim naquele momento”, disse o brasileiro, que dedicou seu pódio a duas mulheres, sua esposa Ana Paula Negrão e a skatista Pamela Rosa, que estava no local e festejou muito. “Liguei para minha mulher e choramos juntos. Essa medalha é para o skate do Brasil”, continuou.
Hexacampeão mundial, Hoefler vive em Los Angeles, na Califórnia, mas cresceu no litoral paulista. Ele é de Vicente de Carvalho, na periferia do Guarujá (SP), e começou a praticar a modalidade aos 9 anos na cozinha da casa dele. “Eu cresci tendo muita dificuldade. Agora acho que estou em um sonho. É muito bom ver a galera incentivando e torcendo pela gente. Aqui não tinha pública, mas sempre que dava pegava o celular e via as pessoas dando apoio nas redes sociais”, afirmou.
A estreia do skate no programa olímpico evidenciou o que se imaginava desse esporte que sempre foi sinônimo também de estilo de vida. Atletas festejando manobras ousadas de rivais, apoio moral no erros e festa na pista de street construída especialmente para competição. Na disputa, os atletas representaram o que tem de melhor no espírito olímpico.
“A gente é amizade. Eu queria ver o Nyjah (Huston, seu adversário) acertar, queria ver o Angelo Caro acertando. É uma grande família”, revelou Kelvin, citando o skatista dos Estados Unidos, Nyjah Houston e que era favorito mas ficou fora do pódio, e o representante do Peru, de quem é amigo. “O Kelvin é um irmão, um grande atleta e grande pessoa”, elogiou Caro.
Ele reforçou a importância da entrada da modalidade no programa olímpico. “Pulamos muitas pedras que apareceram no caminho e agora a Olimpíada está abrindo muitas portas. Nosso esporte precisa crescer mais e nossa presença aqui é importante. Seremos exemplos para as crianças”, disse.
Já Nyjah concordou com seu adversário e falou mais sobre esse espírito olímpico dos skatistas. “Se a gente vê alguém fazendo uma manobra incrível, vibramos. Isso faz parte do nosso esporte. Acho que a entrada do skate no programa olímpico trouxe uma grande competição e um alto astral para o evento. É incrível estarmos aqui e finalmente ter a chance de estar no grande palco. Eu disputo competições profissionais há 15 anos e, embora eu tenha tido muitas vitórias e muitos grandes momentos, nunca estive em um palco tão grande.”
Anos atrás, alguns competidores da modalidade condenaram a inserção da modalidade no programa olímpico sob o argumento de que ela perderia sua essência. Mas não foi isso que ocorreu, pelo contrário. Os esportistas viram os contratos melhorar, empresas que não do esporte passaram a investir também e todos os melhores do mundo se esforçaram para conseguir vaga nessa estreia.
“As pessoas precisam aprender que há muito mais no skate do que apenas competir. É todo um estilo de vida. Para mim, é muito mais do que um esporte. Acho que tecnicamente agora você pode chamar isso de esporte porque estamos na Olimpíada, mas, para mim, também é um estilo de vida. É sobre ir lá fora, se divertir e viver livre”, continua Nyjah.
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