“É incontestável a superioridade da China no tênis de mesa. Ela ganhou 28 dos 32 ouros possíveis em Jogos Olímpicos até esta edição. É um desafio não só tentar ganhar dos chineses na Olimpíada, mas também tentar desviar dos que estão à sua volta e que pensam que eles são imbatíveis”, afirma Calderano.
Além de ótima técnica, o brasileiro tem uma força mental impressionante. E esse pode ser um trunfo a favor do seu tênis de mesa em um esporte dominado pelos asiáticos. “Meu objetivo com certeza é ganhar uma medalha. Os chineses são favoritos e, além deles, há muitos bons atletas na busca por um lugar no pódio”, pondera.
O mesa-tenista trabalhou com François Ducasse, um coach mental que o lapidou. “Até hoje uso as ferramentas que ele me passou. Eu tenho facilidade para algumas coisas, gosto de aprender, tentar coisas novas, descobrir, gosto de me divertir no processo de aprender coisas novas”, diz o atleta, que está estudando chinês e já sabe falar e ler algumas palavras em mandarim.
Essa força mental o ajudou a vencer o sul-coreano Jang Woojin por 4 a 3, na terça, para chegar às quartas de final, com parciais de 11/7, 9/11, 6/11, 11/9, 4/11, 11/5 e 11/6. “É uma sensação incrível, foi um jogo sensacional. Todo jogo de 4 a 3 tem muitos duelos dentro dele mesmo, cinco ou seis táticas diferentes para ganhar no final. Estou muito orgulhoso de ter mantido o foco mental até o fim e ter conseguido a vitória.”
Mesmo reconhecendo que os chineses são favoritos ao pódio, Calderano promete lutar até o fim. “Eles são realmente superiores. Minha técnica melhorou e acho que na parte mental eu melhorei bastante também. É difícil competir com os chineses, mas já mostrei várias vezes que no momento importante eu consigo jogar bem”, diz o mesa-tenista brasileiro.
Entre os favoritos está Ma Long, que nas quartas de final encara o egípcio Omar Assar. “Acho que ele é o maior jogador da história. Ele é forte tecnicamente e tem uma parte mental muito boa. O principal diferencial dos chineses é a parte técnica, são fortes e estáveis tecnicamente, são quase perfeitos. Eles fazem coisas bem simples, com quase nenhum erro.”
Por ter um bom ranking, Hugo Calderano evitou o duelo com os chineses até a semifinal. Mas adverte que pode ser eliminado por outro atleta, por isso precisa ter atenção. De Ovtcharov, seu adversário desta quarta, ele jamais ganhou. Mas para tudo existe uma primeira vez. “O Ovtcharov foi medalha de bronze em Londres, está há muitos anos entre os melhores, já foi número 1 do mundo e tem muita experiência”, reconheceu.
O mesa-tenista brasileiro sabe que se superar seu adversário da Alemanha estará ainda mais perto do pódio olímpico e garante já ter uma estratégia para lidar com o favoritismo dos rivais nascidos na China.
“Nunca pensei que eles fossem imbatíveis, acho que posso ganhar, como já fiz algumas vezes, com meu estilo de jogo agressivo. Fisicamente, eu sou um dos mais fortes e rápidos do circuito mundial. Se ficar só na regularidade, vai ser impossível ganhar. Muitas vezes sou criticado por isso. O que procuro fazer é seguir meu caminho nas disputas, mas tenho certeza de que se quiser conquistar uma medalha de ouro olímpica será desse jeito”, acredita o atleta brasileiro.
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