Formiga, ou Miraildes Maciel Mota, nasceu em Salvador e é uma das maiores jogadoras da história. “Minha história foi de superação e espero que isso sirva para muitas meninas. Precisa ter os pés no chão e buscar sempre o melhor, pois nada cai do céu”, comentou a jogadora, que foi duas vezes medalha de prata nos Jogos Olímpicos, em 2004 e 2008, e ainda teve um terceiro lugar na Copa do Mundo de 1999, nos Estados Unidos, e um vice-campeonato na Copa da China, em 2007.
“É um projeto audacioso, então um dos motivos de vir também é o pós-carreira, para trabalhar na gestão ou como técnica ou auxiliar. As competições no Brasil estão se fortalecendo, não vemos tantos placares elásticos, o nível está melhorando”, afirmou a atleta, que pretende fazer curso de treinadores. “Pretendo organizar minha vida quando voltar de Tóquio, mas já manifestei meu desejo para a CBF de fazer o curso de técnico. Quero fazer as coisas 100%. Sempre fico observando os treinadores, busco dicas, para me preparar para o futuro”, explicou.
Formiga retorna ao São Paulo após 21 anos, já na reta final de sua carreira. Ela vestiu a camisa tricolor de 1997 a 2000, quando a modalidade ainda carecia de recursos e incentivos. “Estamos recebendo uma atleta de qualidade técnica indiscutível, que só foi possível graças ao patrocinador próprio do futebol feminino, o Tricolor Chip. É um momento histórico para o São Paulo, um dia de muita alegria para todos nós”, disse o presidente Júlio Casares, antes de entregar a camisa 8 para a atleta.
A realidade estrutural é bem diferente agora do que quando ela começou a carreira décadas atrás. “Nosso centro de treinamento era em Indaiatuba, e era diferença incrível para outras equipes. O São Paulo era a base da seleção brasileira e espero agora trazer essa alegria para esse clube e trazer títulos novamente”, comentou a jogadora.
No clube, ela terá um papel importante também para passar, dentro de campo, sua experiência para as jogadoras mais jovens. “Acredito que a visibilidade tem ajudado bastante a evolução do futebol feminino no Brasil. Hoje as pessoas têm oportunidade de saber onde estão as jogadoras. A gente tem que dar direção e ser espelho para essas meninas. Mas as jovens atletas precisam trabalhar seriamente porque foi duro o que passamos, nós carregamos o piano. Elas precisam ajudar a manter o futebol feminino em alta”, avisou.
Agora, ela se prepara para talvez sua última Olimpíada – já esteve em outras seis edições e vai bater um recorde de participações junto com o velejador Robert Scheidt. “As chances são grandes de conseguir essa medalha. Eu sinto que desta vez o ouro vem para o Brasil”, revelou a meio-campista, que brincou sobre o segredo de sua longevidade. “O meu segredo é água de coco. Meu corpo é minha ferramenta de trabalho, preciso cuidar dele e da minha mente. Tem atletas com 38 anos que já pensam em parar. Por isso me cuido. Não tenho restrições alimentares, mas procuro me alimentar bem e fazer as coisas por amor”, concluiu.
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