A partir do mês de agosto as unidades de conservação ambiental do Município de Clevelândia passarão a ser monitoradas por uma série de câmeras fotográficas chamadas de cameras-trap. O equipamento funciona como uma espécie de armadilha, que dispara de forma automática ao detectar movimento.
De acordo com Mario Tagliari, biólogo, gestor das unidades de conservação e professor da Faculdade Municipal de Educação e Meio Ambiente (Fama), deverão ser instaladas 15 câmeras que serão distribuídas nas três áreas de conservação do município: os parques Tamarino de Ávila e Silva, Mozart Rocha Loures e Antônio Sansão Pacheco. Juntas as áreas somam 515 hectares de área preservada.
Os equipamentos foram viabilizados pelo Município de Clevelândia, pelas secretarias municipais de educação e de meio ambiente e pela Faculdade Municipal de Educação e Meio Ambiente (Fama).
O biólogo explica que os equipamentos serão importantes ferramentas de monitoramento e de estudo das espécies que vivem nas matas, principalmente das espécies mais arredias, portanto mais difíceis de serem observadas.
“A capacidade olfativa e de audição de algumas espécies é muito elevada. Então quando você entra na mata em duas, três pessoas, essas espécies acabam se afastando. Então, você não vai conseguir achar”, diz o biólogo.
Com a tecnologia das câmeras será possível criar um catálogo das espécies que vivem na região. “A gente vai conseguir ter uma noção da abundância dessa fauna, podemos fazer estimativas populacionais. Outro aspecto é a identificação de possíveis espécies exóticas invasoras, o que nos permitirá mensurar impactos”, comenta Tagliari.
Além disso, será possível criar melhores políticas locais de conservação caso seja comprovado que as unidades abrigam espécies ameaçadas de extinção.
Fauna
Entre as espécies existentes nas áreas estão o veado-catingueiro, paca, cutia, jaguatirica, gato-mourisco e o cachorro-vinagre. Tagliari acredita que muito provavelmente as câmeras também deverão trazer registros de pumas, também conhecidos com leão-baio, que já foram avistados na região.
Pesquisa
Segundo Tagliari, as câmeras são sensíveis a ponto de identificar o movimento de espécimes muito pequenos como aves, cobras e aranhas. Elas deverão ser instaladas próximas a fontes de alimentação e hidratação dos animais, como córregos, nascentes, árvores e arbustos frutíferos.
Além de monitorar e identificar as espécies que vivem nas unidades de preservação, as câmeras também deverão contribuir para a observação do comportamento dos animais.
De acordo com Tagliari, estudos científicos apontam que alguns animais têm o hábito de se roçar na cabreúva, uma espécie de árvore pouco comum na região. Os estudiosos acreditam que a casca da árvore libera algum componente terapêutico que afastaria pragas como carrapatos.
O grupo que coordena o manejo dos parques cogita instalar câmeras-trap próximas a árvores análogas a cabreúva, para identificar se o padrão se repete.
Além da Secretaria de Meio Ambiente do Município de Clevelândia, nas áreas também participam de atividades profissionais instituições como a UTFPR.