A conversar, também se ensina!

Dirceu Antonio Ruaro

Venho falando sobre ensinar a escutar, a ensinar a ter ética, ensinar a conviver.

Pois bem, sabemos que o diálogo em família, é fundamental para manter o elo que mantém a família unida.

Trocar ideias, conversar, dialogar é extremamente necessário e fundamental nos dias atuais. Pode parecer que não, mas mesmo as crianças menores ouvem conceitos e formam opiniões sobre os mais variados temas desde cedo e, por isso é importante manter conversas para saber o que os filhos pensam a respeito das coisas.

Quando falei, num dos textos, que muitas mães e pais se queixam que os filhos não os ouvem, deixei no ar uma pergunta que faço agora: e você pai, você mãe, ouve seu filho/a?

Ou melhor dizendo: em que medida você ouve seu filho/filha?

Será que você, de fato dá ouvidos para seu filho/filha, ou também, tem ouvidos seletivos e ouve apenas o que lhe interessa?

Muitíssimas vezes o modelo que temos é de um grande “monólogo familiar”, ou seja, quando um fala o outro se cala e não se discute o assunto para não se “incomodar” e se deixa o assunto como que “suspenso no ar” com medo de ouvir o que o outro tem a dizer e, uma das partes sejam os pais ou sejam os filhos se cala, para não se comprometer e dão a impressão de que “conversaram”.

É preciso estar atento pois muitos pais, seja pela falta de tempo ou de atenção ou, até mesmo, pelo desinteresse pelo assunto que as crianças/adolescentes trazem para discussão, fazem de conta que ouvem e respondem aleatoriamente, qualquer coisa.

Por isso, assim como os pais exigem (e não estão errados) que os filhos prestem atenção quando eles falam, eles (os pais) precisam também prestar atenção no que os filhos dizem e procurar não se distrair com outros problemas e/ou preocupações naquele momento.

É notório que temos uma diferença muito grande entre “ouvir” e “escutar” o que o filho/filha diz. Ouvir é um ato passivo, enquanto que escutar exige uma atenção muito grande para poder argumentar, trocar ideia, solidarizar-se, concordar, discordar, entre outras ações.

O ato de escutar leva a incentivar, a dar atenção àquilo que o filho/filha está falando, é, na verdade, um ato de afeto, de carinho, de valorização do filho/filha que vai muito além de ouvir, de receber uma informação.

Um bom diálogo exige que sejamos capazes de nos colocar no lugar do outro (a famosa empatia) e não apenas fiquemos na nossa maneira de ver e interpretar o mundo de acordo com nossas ideias. Um bom diálogo leva em conta a compreensão do que o outro está querendo nos dizer.

Precisamos ensinar nossos filhos a conversar pelo exemplo que damos, conversando com eles, deixando-os livres para que possam expor o que sentem, sem intimidá-los com nossa “autoridade” de pai/mãe.

Penso que nunca foi tão necessário, quanto é hoje, o diálogo, a conversa, a troca na família. Esse contato humano que se não ocorrer em casa, vai ocorrer na rua, na internet no telefone, nos computadores. Por isso, é essencial a relação presencial dos pais, o toque, o olhar, a disponibilidade para estar junto da criança/adolescente permitindo o compartilhamento de emoções e comportamentos sem julgar e acusar, apenas conversando com ele/ela, pense nisso enquanto lhe desejo boa semana.

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