Burilando emoções

Quantas vezes já afirmamos que alguém nos tirou do sério?

Sempre que nos permitimos o desequilíbrio, que elevamos muito o tom de voz, que nos exasperamos, nos desculpamos culpando o outro.

Depois de um momento de intemperança, de uma discussão acalorada, costumamos alegar que isso somente ocorreu porque Fulano nos fez perder a paciência.

E ainda completamos: Afinal, não somos de ferro!

Justificamos nossas emoções descontroladas culpando uma terceira pessoa. Será correto? Teremos razão?

Será mesmo que a causa está no outro? Será que somos vítimas do comportamento alheio para conosco?

Em verdade, cabe-nos lidar com as consequências dos nossos atos.

A simples afirmação de que alguém seja capaz de nos tirar do sério ou nos fazer perder a paciência é mera desculpa para nos isentarmos da responsabilidade pelo nosso mau comportamento, pelo desequilíbrio das nossas próprias emoções.

Não se discute que muitas pessoas são de difícil lida, exigindo muitos esforços para a boa convivência.

Porém, não são elas que nos desnorteiam, que nos desorientam.

Elas podem armar situações difíceis, criar dificuldades e constrangimentos.

Mas seremos nós que demonstraremos, na ação ou na reação, se temos ou não estrutura emocional para bem administrarmos o que nos alcança.

Dessa maneira, muito mais apropriado seria declararmos que o familiar, o colega, o funcionário cria situações que nos incomodam em demasia e temos dificuldades para suportá-las devidamente.

Ou podemos admitir que Beltrano gera complicações que nos atingem de tal forma que não temos equilíbrio suficiente para bem enfrentá-los.

Quando agirmos assim, estaremos demonstrando a plena consciência da responsabilidade que nos cabe em aprimorar nossas emoções.

Quando dizemos que o problema está no outro, pode até acontecer dele se afastar de nossa convivência. Ou nós mesmos podemos providenciar que isso aconteça, nos distanciando dele.

Porém, a vida é dinâmica, somos bilhões sobre a face da Terra e precisamos viver em sociedade. Isso nos diz que devemos conviver com muitas pessoas.

E será bem provável que, logo mais, alguém substitua aquele que se foi, registrando idêntico comportamento.

O problema, portanto, voltará a se apresentar porque a limitação não está no outro, mas em nós, que precisamos amadurecer.

Essas pessoas somente nos demonstram que temos dificuldade em lidar com certas atitudes, que temos limites emocionais.

Elas nos apontam as fronteiras de nossas capacidades, alertando-nos para a urgência de um aprimoramento emocional.

Então, quando esses embates surgirem em nosso convívio, aproveitemos para agilizar o aprendizado.

Mesmo que eles se façam recorrentes, busquemos em nós outras possibilidades para contornar tais situações com a serenidade necessária.

Procedendo nesse sentido iremos, aos poucos, percebendo que a paciência, a tolerância, a compreensão irão se alargando, em nós, tornando-nos pessoas melhores e mais pacificadas.

Isso significa progresso. Isso significa melhor convivência. Bem-estar para nós e para os outros.

 Redação do Momento Espírita

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