Chamados a viver em família

Pe. Lino Baggio, SAC

Cada sociedade humana, em sua rica diversidade cultural, desenvolveu diferentes formas de organização da estrutura familiar básica, tudo em vista de garantir a vida de seus membros. Em todas elas, ocupa lugar central o amor, traduzido de múltiplas formas, tais como o cultivo do afeto, do bem-querer, do apoio, do amparo, da proteção, do cuidado, da atenção, do perdão, do respeito mútuo. A partir disso, podemos discernir e refletir sobre os principais valores ou atitudes básicas que concretizam, na vida de cada um de nós, o chamado a ser família ou a viver em família, seja qual for o serviço a que somos chamados a exercer enquanto avós, pais, filhos, netos, irmãos, esposos.

Para bem viver o ser família, no complexo contexto atual, importa, em primeiro lugar, cultivar o senso familiar. Trata-se da sensibilidade de pensar coletivamente uns nos outros, de forma a cuidar da integração e do bem-estar de todos e de cada um no seio familiar.

Em segundo lugar, é fundamental dedicar-se ao cultivo do afeto familiar. O que mantém a vitalidade e a coesão do vínculo familiar entre pessoas livres é o afeto que pode ser traduzido pelo gosto de simplesmente estar juntos, de conversar, de dialogar, de planejar e de decidir juntos. Isso significa doar tempo para que cada membro se sinta, de fato, importante e receba atenção, carinho e proteção.

Em terceiro lugar, não pode faltar o cultivo da disponibilidade. Significa que cada membro é chamado a contribuir, colaborar, participar e responsabilizar-se pela qualidade da vida em família. As tarefas e responsabilidades precisam ser distribuídas. As conquistas compartilhadas. Para isso, importa que se garanta vez e voz para todos os membros, com espaços para troca de ideias e para as necessárias correções mútuas.

Ao contemplar a história da humanidade, podemos afirmar que o núcleo estruturante e afetuoso de uma família é o lugar mais adequado para que cada pessoa que venha a este mundo seja acolhida, cuidada, amada e que aprenda a arte de bem-viver e conviver na vida em sociedade. A família é a mais adequada plataforma de lançamento e de sustentação para vida humana. Isso, por sermos totalmente vulneráveis e dependentes de afeto, cuidado e proteção no início (infância) e no fim (velhice) de nossa vida e, sobretudo, por sermos seres portadores de estrutura afetiva, sedentos de atenção, carinho e amor ao longo de toda a vida.

Ao fazer tais afirmações, não estamos desconsiderando os graves problemas que os membros da família enfrentam: aqueles consequentes da perversa desigualdade social e da omissão do poder público, como a falta de acesso à dignidade cidadã; aqueles resultantes das muitas faces da violência doméstica, seja na relação entre os parceiros, seja destes para com seus genitores (pais) e descendentes (filhos). Por isso cabe a cada sociedade proteger e garantir o bom funcionamento da família. E uma das melhores formas, além da concretização de políticas públicas, é suscitar reflexões educativas sobre o sentido da vocação de viver em família.

Dentro deste contexto de família, vale recordar que, no próximo domingo, com alegria, celebraremos o Dia dos Pais, tradicionalmente comemorado no segundo final de semana do mês de agosto. A data celebra o sentido transcendente de amar e de aprender com filhos e filhas. Ser pai transforma, muda conceitos, significados e até mesmo atitudes. A própria construção do significado de Deus Pai para nós, cristãos, nasce da relação amorosa e confiante de Jesus, seu Filho, com Ele. Que a força motivadora do amor de Deus Pai, ilumine os passos e os corações de quem se sente chamado a vivenciar a paternidade e a cuidar da vida como mistério humano e divino.

Feliz Dia dos Pais!!

 

Pe. Lino Baggio, SAC

Paróquia São Roque – Coronel Vivida

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