Dignidade humana (03)

Continuando nosso modesto percurso, vamos mostrando as afrontas à dignidade humana, começamos hoje pelos abusos sexuais, uma das piores formas de aviltamento de uma pessoa, são muitos casos noticiados todos os, dias, é também uma macabra arma de guerra, quem sofre esse tipo de violência, ficará com certeza com marcas para o resto de sua vida. Um fenômeno que acontece inclusive nas melhores famílias, ou seja, aquelas acima de qualquer suspeita, muitos passam a vida escondendo esse crime, quer da própria família, quer da polícia, hoje devido aos inúmeros dispositivos tecnológicos disponíveis, as pessoas e seus instintos mais primitivos, são confrontadas com inúmeras práticas abusivas do outro e isso em qualquer idade; nosso mundo globalizado, pelo que se nota, ainda é muito permissivo com algumas práticas dessa natureza, cabe a todos nós uma luta séria.

Não menos gravíssimo é a violência contra as mulheres, algo difundido no mundo todo, não é novidade para nenhum de nós que em certos países as mulheres são proibidas de assistirem uma partida de futebol ou até mesmo dirigir um veículo, tanto nos países ditos de primeiro mundo, quanto naqueles de segundo ou terceiro mundo, as mulheres não são valorizadas como tais, quando entramos em contato com algum meio de comunicação, é quase impossível não ver ali uma ou outra violência contra as mulheres, agressões, xingamentos, espancamentos e mortes tem virado rotina aqui no Brasil, bem como em nossa região. A lei muito avançou na questão protetiva das mulheres, mas ainda precisa-se de mais, isto é, leis mais severas, um poder judiciário mais firme, menos burocrático e uma polícia preparada e equipada para prestar um serviço de qualidade a todas a mulheres.

Na sequência das diversas afrontas à dignidade humana, entramos num dos assuntos mais polêmicos que se tem notícia, ou seja, o aborto, por razões de espaço e tempo, o tema será aqui bastante reduzido, mas que com certeza voltará ainda em outras ocasiões; ninguém pode negar, o aborto está relacionado com a vida indefesa de um ser e com as vidas já formadas. Aqui já podemos ter em mente que são afetadas várias dignidades humanas, várias vidas a partir da prática do aborto nunca mais serão as mesmas, mas talvez a pior violação da dignidade seja para com a mulher, será ela para todo o sempre que carregará esse fardo, há relatos de mulheres que por inúmeras razões, passado um tempo do aborto ficam se perguntando sobre o filho ou a filha tirado, ficam imaginando o rosto que teriam hoje e outras coisas mais; uma sombra sempre as persegue.

Uma outra violação da dignidade humana diz respeito à chamada maternidade sub-rogada, que nada mais é do que uma maternidade em duas fases bem distintas, sabemos que existem inúmeros casos de mulheres que por motivos diversos não podem ser mães de modo natural. Então a mãe em potência, doa seu embrião já fertilizado fora do seu corpo e posteriormente introduzido na mãe gestadora da gravidez. O mesmo pode ocorrer quando há um casal homoafetivo, a técnica é a mesma; não se pode negar que nessa realização, há quase sempre uma via comercial, tanto de quem quer ter um filho, quanto de alguém disposto de realizar o sonho de outrem. Não cabe a ninguém de nós julgar tal procedimento, só vale lembrar que tal gesto jamais estará isento de provações, dúvidas e questionamentos, quanto de um lado, quanto de outro, por isso esse tema merece atenção. 

Bioeticamente, as quatro situações aqui apresentadas de modo muito sucinto, são uma constante nos dias atuais, são situações dramáticas que atravessam fronteiras, tratá-las de modo leviano é mais uma afronta às partes envolvidas, nosso mundo atual avançou em tantos pontos, descobriu novas técnicas para a superação de muitos obstáculos, em muito contribuiu para que a vida florescesse de modo mais abundante, mas também é verdade que esse novo mundo “maravilhoso” tem lançado muitas nuvens sombrias, muitas interrogações e novos problemas advindos da enxurrada das novas tecnologias. Somos todos, direta ou indiretamente envolvidos nessas e noutras tantas questões, falta ainda uma maior participação pública nos debates, falta comprometimento e o pior de tudo que o mundo atual nos mostra, isto é, absolutamente tudo tem um preço, mas nada tem um valor. 

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