Estudo relaciona bullying e consumo de drogas

Flori Antonio Tasca

Um grupo de pesquisadores colombianos publicou em 2012, na “Revista de Psicologia Universidad de Antioquia”, o estudo “Bullying y consumo de drogas”, que faz uma revisão da literatura sobre o tema da agressão escolar, associando-o ao uso de substâncias entorpecentes. O trabalho foi realizado por Alberto Javier Córdova Alcaráz, Edith María Ramón Trigo, Karina Jiménez Silvestre e Cristina de Jesús Cruz Cortés.

Inicialmente, eles se debruçaram sobre as tendências mundiais da violência escolar, destacando a existência de investigações que, em diferentes lugares do mundo, mostram que aproximadamente 25% dos estudantes já foram vítimas de bullying na escola e 20% já foram agressores. Isso evidencia a importância de enfrentar esse problema, ainda mais porque a escola é o segundo lugar onde o adolescente mais passa o seu tempo. Os autores então trataram da violência e da agressão como eixos originários do bullying, fazendo menção a investigações que entendem a conduta de crianças e adolescentes, tanto as pró-sociais quanto as agressivas, como produtos de suas “cognições sociais”.

Também foram destacados os componentes e os personagens do bullying, divididos em vítima, agressores e expectadores, e geralmente tendo como cenário a escola. Na maior parte dos episódios de intimidação, muitos estudantes não diretamente envolvidos na agressão estão presentes como testemunhas. Foi feito ainda um histórico das pesquisas que tratam dos antecedentes familiares e fatores associados ao bullying. Vários fatores sociais parecem influenciar nas condutas agressivas, como a falta de cuidado dos pais, a aplicação de castigos físicos, a falta de coesão familiar e o menor nível socioeconômico.

Já em relação ao consumo de drogas, pareceu aos autores que a violência e o bullying são aumentados de maneira considerável quando os estudantes consomem algum tipo de droga, legal ou não. Estudos sustentam que o adolescente que consome um ou dois copos de álcool dobra a violência exercida. A magnitude da violência também parece aumentar entre os alunos que fumam. Também as vítimas são mais vulneráveis ao consumo de drogas, já que se sentem ignorados, excluídos, discriminados e agredidos.

A literatura existente indica que existe, de fato, uma relação entre o consumo de drogas e certas condutas disfuncionais, como o bullying, evidenciando ainda que os agressores costumam ser os maiores consumidores de álcool e outras substâncias, seguidos pelas vítimas-provocadoras. A gravidade dessa situação leva à necessidade de se pensar em intervenções preventivas e de tratamento para o bullying. Os autores destacaram que os programas de intervenção mais promissores são os que apresentam enfoque integral, ou seja, aqueles que envolvem todos os aspectos dos ambientes escolar e familiar.

Foram revisados então diversos instrumentos de medição do bullying e em seguida foi mencionada a questão da legislação e direitos humanos sobre violência escolar. Para os autores, as tendências à agressão e a violência geralmente são espelho do que acontece nos padrões individual, familiar, social e econômico. O bullying, nessa visão, deveria ser encarado como problema de saúde pública, e a escola deveria ser um espaço em que exista pessoal especializado para lidar com situações de bullying. Isso é ainda mais importante por sabermos que o adolescente está em fase de pleno desenvolvimento.

Por fim, os pesquisadores lembraram que se deve ter em mente que a violência em geral e a sua relação com o consumo de drogas, entre outros fatores, prejudica a harmonia social e o sadio desenvolvimento da convivência familiar. O bullying escolar não é algo passageiro e nem parte normal do desenvolvimento do adolescente. Trata-se de uma problemática mundial que deve ser enfrentada por diversos ângulos, como a família, as autoridades escolares, o governo e a sociedade, todos desempenhando papel importante.

Educador, Filósofo e Jurista. Diretor do Instituto Flamma – Educação Corporativa. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná. [email protected]

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