Fast-Life?

Giseli Gotz

Correria! Essa é a expressão que ouço corriqueiramente de alunos, amigos e familiares. Está todo mundo correndo: seja para passar no vestibular, seja para terminar a pós-graduação ou ainda para garantir um salário que permita as férias de final de ano. E no meio dessa rotina, deixamos de lado o que outrora já fora importante: as refeições.

Lembro-me com carinho dos momentos no almoço ou no café depois da escola que tive com meus pais e minha irmã quando pequena. E não, os alimentos não eram os protagonistas, mas sim as conversas sobre como fora o dia na escola, sobre os planos do final de semana. Entretanto, no cenário contemporâneo, momentos como esse tem sido cada vez mais deixados de lado, porque precisamos aproveitar o tempo, precisamos ser produtivos. Optamos por um fast-food para não perder tempo nem na hora do almoço, mas talvez o que estejamos escolhendo seja mesmo uma fast-life.

Nesse sentido, o intuito deste texto não é condenar aquela refeição rápida naquele dia em que a lista de atividades para serem resolvidas parece interminável, mas sim permitir a reflexão sobre a constante pressa que nos faz esquecer de ouvir aqueles que amamos, que deixa de lado os momentos de descanso e lazer, ou acelera o término daquele livro sobre produtividade – irônico. Byung-Chul Han, sociólogo sul-coreano, já antecipou: vivemos em uma sociedade do cansaço, em que a cobrança pela tão sonhada realização pode nos fazer perder vivências preciosas de nossas vidas.

Parece coerente, por fim, esclarecer que sim, você deve lutar e correr atrás do que sonha, todos devemos. Contudo, desfrutar as belezas no caminho, cultivar amizades, desligar mais o celular e viver, realmente, cada fase tornam o itinerário muito mais leve e feliz. Afinal, são as memórias que ficam: quais são as que você quer ter para si e ser para os outros?

Professora e empresária

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