Fonte de Lourdes

Padre Judinei Vanzeto

O dogma da Imaculada Conceição foi promulgado em 8 de dezembro de 1854, pela Papa Pio IX, com a Bula intitulada Deus Inefável. Mas, o que mesmo significa esse dogma? Imaculada Conceição é um dogma através do qual a Igreja declarou que a concepção da Virgem Maria foi sem a mancha (mácula em latim) do pecado original. Desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi preservada do pecado pela graça de Deus. Ela sempre foi cheia da graça divina. O dogma ainda declara que a vida da Virgem Maria transcorreu inteiramente livre de pecado.

Compreensão esta remontada desde os tempos da Igreja primitiva, quando os fiéis sempre acreditaram que Maria, a Mãe de Jesus, nasceu sem o pecado original. Tanto no Oriente como no Ocidente, há grande devoção à Maria enquanto mãe de Jesus e Virgem sem pecados. No começo do cristianismo o dogma da Imaculada Conceição já era, portanto, tido como uma verdade de fé pelos os fiéis.

No dia 11 de fevereiro de 1858, a Virgem aparece pela primeira vez a adolescente de 14 anos, Bernadete, em Lourdes, na França, e se apresentou dizendo: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Ao todo, foram 18 aparições. Em 25 de fevereiro de 1858 a Virgem Santíssima aparece pela nona vez e lhe diz: “Vá beber à fonte e lavar-se.” Porém, ainda não havia fonte alguma ali. Mas eis que ela surge miraculosamente, pois a Virgem pediu a moça que cavasse com suas próprias mãos e, então, surgiu a fonte que initerruptamente continua jorrando água até nossos dias. 

A fonte de água é um dos sinais da mensagem de Lourdes. Um sinal de purificação espiritual, de conversão, vida nova em Deus. Não se trata, no entanto, de um fluído mágico, com poderes curativos. Mas Deus se serve da água, criatura Vossa, quando quer como instrumento visível para curas extraordinárias, demonstrando Sua presença neste lugar de abundantes graças. E nada mais, pois o centro da mensagem não é a Virgem, mas a indicativa da centralidade da fé cristão, ou seja, Jesus Cristo. A Virgem Mãe apenas intercede ao Filho que, por sua vez, faz o milagre.

Não obstante, um número incalculável de curas ocorre em Lourdes. E para que se chegue à conclusão de que houve ou não milagre, instituiu-se o Bureau des Contestations Medicales, hoje conhecido como Oficina de Lourdes, que possui a função de verificar sob o ponto de vista da Ciência as curas ocorridas e elaborar um dossiê sanitário, que permite certificar tanto a enfermidade anterior, quanto a cura. Em Paris, também há o Comitê Médico Internacional para onde são encaminhados, após o tempo de um ano, casos que a Oficina Médica define como “grande cura”. Assim, a Igreja, por sua vez, tem maior cuidado com a realidade da enfermidade das pessoas e não interesse de exploração sensacionalista das graças de Deus. 

A cura deve ser total, imprevisível, duradoura e ter ocorrido há quatro ou cinco anos antes de ser avaliada pelo Comitê. A enfermidade deve ter sido grave (com perigo de morte) e comprovada por exames clínicos. A cura corporal, que dela poderá advir, é apenas um símbolo da cura interior, do cultivo espiritual. Porém, para a graça divina acontecer, necessita por parte da pessoa enferma certo grau de fé, ainda que pequena, o que já será suficiente para mover a virtude da esperança e fazer que se opere a vitória de Cristo.

No Novo Testamento, e sobretudo nos evangelhos sinóticos e joanino, o tema da fé é algo significativo. O próprio Senhor Jesus fala de sua importância muitas vezes. Em Lc 17,19: “E disse-lhe Jesus: “Levanta-te e vai; a tua fé te salvou”. Se Deus fez pelo ser humano a maior parte, se servindo de um elemento comum como a água, como um dos canais por onde Ele comunica a sua graça, cabe então a cada fiel a única resposta: a fé. A fé que impulsiona ao amor misericordioso de Deus, bem como cuidar das nascentes d’água existentes nas propriedades rurais, interromper as drenagens de banhados, cuidar das matas ciliares e dirimir a poluição dos rios urbanos.

Jornalista, diretor administrativo da Rádio Vicente Pallotti, gestor da Unilasalle/Fapas Polo Coronel Vivida e pároco da Paróquia São Roque de Coronel Vivida-PR

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