Os preços de serviços sensíveis à mobilidade devem subir bastante com a reabertura econômica no segundo semestre, chegando a um pico de 5,50% no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no fim do terceiro trimestre, de queda de 0,70% em 12 meses até abril, calcula o economista Leonardo França Costa, do ASA Investments. Mas esses serviços são apenas 26% do total. A maioria dos itens (74%) de serviços está mais relacionada ao hiato do produto e, apesar de também caminharem no sentido ascendente, devem ter recuperação mais gradual.
Essa é a conclusão de um breve exercício realizado pelo economista com o objetivo de ter maior previsibilidade sobre o comportamento dos serviços no momento em que houver reabertura mais ampla da economia. A ideia é separar o quanto da tendência recente dos serviços está associada à crise econômica em geral e qual pedaço está relacionado às restrições de mobilidade. Isso porque há um debate crescente entre analistas sobre um possível retorno forte desses preços quando a população puder usufruir plenamente de serviços, após mais de um ano de demanda reprimida.
“Foi interessante, porque o Bruno Serra diretor de política monetária do Banco Central se mostrou curioso sobre isso em um evento hoje”. Serra disse, em live do Credit Suisse, que a tendência com a reabertura da economia é que os serviços passem por uma recomposição de preços. “A tendência é de que os preços de serviços acelerem mesmo.”
França Costa cruzou os dados de mobilidade do Google com o IPCA, ponderado pelo peso de cada região no índice, e identificou aqueles serviços que apresentavam alguma sensibilidade à maior ou menor circulação, classificando-os em três grupos: sensíveis, insensíveis e sensíveis excluindo passagem aérea – item bastante volátil, mas que não trouxe grandes alterações ao exercício.
Segundo ele, os resultados eram esperados, com exceção de serviços de alimentação, que, em maior parte, não se mostraram sensíveis à mobilidade, talvez por um efeito do aumento do delivery. Também não tiveram sensibilidade à mobilidade, portanto estão reagindo, como de costume, ao hiato do produto, cursos educacionais, serviços de mão de obra e aluguel. Por outro lado, passagem aérea, serviços de hospedagem, pacotes turísticos e alguns preços de educação, como ensino superior e técnico, tiveram impacto maior com a mudança de mobilidade.
“Os mais relacionados com a pandemia devem voltar a operar de forma mais elevada com o processo de reabertura um pouco mais amplo, com avanço de preços em taxas acima da média dos serviços do segundo semestre deste ano até o fim do ano que vem. Nos serviços insensíveis à mobilidade, o comportamento é melhor explicado pelo hiato do produto. Com o hiato se fechando gradualmente, em um ambiente de desemprego elevado, devem também subir, mas de forma mais gradual, voltando ao patamar pré-pandemia”, diz França Costa.
A expectativa do ASA Investments é de pico dos preços de serviços no geral no IPCA este ano no terceiro trimestre, com 3,60%, mas aguarda desaceleração a 3,0% no fim do ano e com alta de 3,80% no fim de 2022. Até abril, a alta é de 2,20% em 12 meses. Para a inflação oficial, a expectativa é de 5,40% este ano – acima do teto da meta (5,25%) – e de 3,60% no próximo, superando o alvo central (3,50%).
Contato: thais.barcellos@estadao.com
Essa é a conclusão de um breve exercício realizado pelo economista com o objetivo de ter maior previsibilidade sobre o comportamento dos serviços no momento em que houver reabertura mais ampla da economia. A ideia é separar o quanto da tendência recente dos serviços está associada à crise econômica em geral e qual pedaço está relacionado às restrições de mobilidade. Isso porque há um debate crescente entre analistas sobre um possível retorno forte desses preços quando a população puder usufruir plenamente de serviços, após mais de um ano de demanda reprimida.
“Foi interessante, porque o Bruno Serra diretor de política monetária do Banco Central se mostrou curioso sobre isso em um evento hoje”. Serra disse, em live do Credit Suisse, que a tendência com a reabertura da economia é que os serviços passem por uma recomposição de preços. “A tendência é de que os preços de serviços acelerem mesmo.”
França Costa cruzou os dados de mobilidade do Google com o IPCA, ponderado pelo peso de cada região no índice, e identificou aqueles serviços que apresentavam alguma sensibilidade à maior ou menor circulação, classificando-os em três grupos: sensíveis, insensíveis e sensíveis excluindo passagem aérea – item bastante volátil, mas que não trouxe grandes alterações ao exercício.
Segundo ele, os resultados eram esperados, com exceção de serviços de alimentação, que, em maior parte, não se mostraram sensíveis à mobilidade, talvez por um efeito do aumento do delivery. Também não tiveram sensibilidade à mobilidade, portanto estão reagindo, como de costume, ao hiato do produto, cursos educacionais, serviços de mão de obra e aluguel. Por outro lado, passagem aérea, serviços de hospedagem, pacotes turísticos e alguns preços de educação, como ensino superior e técnico, tiveram impacto maior com a mudança de mobilidade.
“Os mais relacionados com a pandemia devem voltar a operar de forma mais elevada com o processo de reabertura um pouco mais amplo, com avanço de preços em taxas acima da média dos serviços do segundo semestre deste ano até o fim do ano que vem. Nos serviços insensíveis à mobilidade, o comportamento é melhor explicado pelo hiato do produto. Com o hiato se fechando gradualmente, em um ambiente de desemprego elevado, devem também subir, mas de forma mais gradual, voltando ao patamar pré-pandemia”, diz França Costa.
A expectativa do ASA Investments é de pico dos preços de serviços no geral no IPCA este ano no terceiro trimestre, com 3,60%, mas aguarda desaceleração a 3,0% no fim do ano e com alta de 3,80% no fim de 2022. Até abril, a alta é de 2,20% em 12 meses. Para a inflação oficial, a expectativa é de 5,40% este ano – acima do teto da meta (5,25%) – e de 3,60% no próximo, superando o alvo central (3,50%).
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