Uma pesquisa Pulso Ciudadano divulgada no domingo colocou Kast em primeiro lugar, com 22,2% das intenções de voto, 4,8 pontos porcentuais à frente de Gabriel Boric, de esquerda. A democrata-cristã Yasna Provoste vem em terceiro com 9,5%. O economista liberal Franco Parisi tem 7,3%. Sichel aparece apenas em quinto lugar com 6,9%.
Kast, de 55 anos, é conhecido por defender a ditadura de Augusto Pinochet. “Dizem que sou radical. Mas radical em quê?”, questiona o candidato, que não esconde sua admiração por Donald Trump e costuma elogiar o presidente brasileiro. “Bolsonaro representa a esperança de liberdade, segurança e justiça social em um Brasil que foi destruído pela esquerda”, escreveu Kast no Twitter.
Segundo analistas, os excessos durante os protestos populares contra a desigualdade e a recente crise migratória são alguns dos motivos que impulsionaram o crescimento de Kast, que aposta em um forte discurso em favor da ordem pública e do endurecimento do controle das fronteiras.
Outro fator importante para o crescimento de Kast é a desastrosa presidência de Piñera, que é aprovado por apenas 17% da população. O presidente, que já vinha capengando, teve sua imagem ainda mais arranhada com os Pandora Papers, documentos que apontam indícios de corrupção e irregularidades tributárias.
Em outubro, o Ministério Público abriu uma investigação para apurar a venda de uma mineradora em um paraíso fiscal e a oposição iniciou o procedimento para o impeachment. Na semana passada, uma pesquisa apontou que 7 em cada 10 chilenos apoiam a destituição de Piñera.
Com esse peso nas costas, a candidatura de Sichel não decolou. Na semana passada, ele denunciou uma suposta “chantagem” de membros de sua própria coalizão – sem entrar em detalhes – e perdeu o apoio de pelo menos sete deputados e senadores de centro-direita nos últimos dias – todos anunciaram abertamente apoio a Kast.
“É um pecado que as pessoas estejam mais preocupadas em manter suas posições como parlamentares do que com o bem-estar do Chile. Não vou discutir com quem não cumpre a palavra”, disse Sichel, no domingo, ao se referir à retirada do apoio dos deputados, segundo o jornal La Tercera.
Apesar da proximidade da eleição – a votação ocorre no dia 21 -, o resultado ainda é incerto. O voto não é obrigatório no Chile e, nas últimas eleições regionais, a abstenção ultrapassou 80%. Segundo o Centro de Estudos Públicos (CEP), menos da metade dos chilenos já escolheram um candidato.
Caso ninguém obtenha mais da metade dos votos – o que é provável -, um segundo turno será realizado em 19 de dezembro. O próximo inquilino do Palácio La Moneda terá de estabilizar um país que passou por graves protestos, em 2019, e implementar as normas da nova Constituição, que começou a ser redigida em julho e deve ser endossada em plebiscito previsto para 2022. (Com agências internacionais)
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