Recentemente, um caso de assédio moral em uma sala de curso de Engenharia presencial, no Brasil, teve destaque nas redes sociais. No vídeo divulgado pelo TikTok, a discente grava falas de assédio de seu professor: “Eu mando nessa m…”, “O trabalho de vocês está uma m….”, “é uma p…, não uma aluna” ou “quer me processar, vai que eu vou lá junto”. As frases, que pouco lembram aquelas que deveriam estar dentro de uma sala de aula, protagonizaram à docência deste professor.
Afinal, sabemos que cada professor possui sua prática de ensino e adota metodologias que condizem com seus objetivos. Entretanto, seria um exagero na autonomia docente, que faz com que certos professores passem a conduzir episódios de assédio moral?
A autonomia, afinal, refere-se à capacidade que uma pessoa desenvolve para decidir sobre o que ela julga ser o melhor para si. Afinal, ao se tratar de docentes, pesquisas apontam a necessidade de fortalecer o profissionalismo do professor, favorecendo a autonomia docente. Seria essa autonomia, autorização para que o docente faça qualquer coisa em sala de aula?
Comecei minha atuação como docente do Ensino Superior com apenas 22 anos, em uma instituição que valoriza a autonomia docente, levantando, inclusive, essa bandeira. Eu, enquanto professor, nesse local, possuía liberdade para escolher a forma com que iria ensinar os alunos, conduzir as aulas, realizar as avaliações e as demais escolhas envolvidas no processo de ensino-aprendizagem. Entretanto, ao invés de valorizar práticas abusivas, reconheci a oportunidade como um momento de crescer enquanto professor, realizando práticas não tão tradicionais, sem me sentir cobrado em demasia, como em outras instituições mais engessadas, em relação à autonomia docente.
De qualquer forma, esperamos que esse caso de assédio – assim como tantos outros – passe a ser, cada vez mais incomum, diante do poder de influência das redes sociais. E que aos poucos, a comunidade acadêmica reconheça a importância da autonomia docente na construção de práticas pedagógicas diferenciadas e criativas. No mais, seguimos apoiando os discentes pelo país que fazem esse tipo de registro.
*Guilherme Augusto Pianezzer é professor de Matemática e Física, mestre e doutor em Métodos Numéricos pela UFPR e professor-tutor dos cursos de Exatas do Centro Universitário Internacional Uninter
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