Assembleia debate impactos do uso excessivo de telas na infância e adolescência

A Assembleia Legislativa do Paraná promoveu nesta quinta-feira (22) uma audiência pública para discutir os impactos do uso excessivo de telas entre crianças e adolescentes, tema que vem sendo apontado como uma grave pandemia. O evento, organizado pela deputada estadual Márcia Huçulak (PSD), reuniu especialistas de diversas áreas, incluindo saúde, educação, comportamento e Direito, para buscar soluções e conscientizar a sociedade sobre os riscos associados à tecnologia e às redes sociais.

Impactos Negativos do Uso Excessivo de Telas

Entre os principais danos mencionados estão o aumento dos casos de miopia, depressão, dificuldades de aprendizagem e até suicídio, além de problemas como cyberbullying e obesidade. De acordo com os especialistas, a geração atual pode ser a primeira a apresentar um QI (quociente de inteligência) inferior ao dos pais, devido aos efeitos negativos do uso excessivo de telas.

A médica Luci Yara Pfeiffer, presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas da Sociedade Brasileira de Pediatria e da Paranaense de Pediatria, destacou que o uso excessivo de telas pode levar à atrofia cortical no cérebro, uma síndrome neurodegenerativa com efeitos permanentes. Ela alertou para o aumento dos casos de ansiedade, depressão e tentativas de suicídio entre jovens, enfatizando a necessidade urgente de intervenção.

Dados Alarmantes

Segundo a Rede de Atenção Psicossocial do Sistema Único de Saúde (SUS), pela primeira vez em 2023, a ansiedade entre crianças e jovens superou os registros entre adultos. O Brasil é o terceiro país que mais consome redes sociais no mundo, com mais de 131 milhões de contas ativas. A média de uso é de 10 horas por dia na internet e 3h41min nas redes sociais, de acordo com a empresa de análise Comscore.

Soluções Propostas e Papel das Famílias e Escolas

A união entre famílias e escolas foi apontada como fundamental para enfrentar o problema. Silmara Campese Cezário, gerente de Inovação Pedagógica da Secretaria Municipal da Educação de Curitiba, ressaltou a importância de orientar os pais sobre o uso adequado de dispositivos eletrônicos por crianças. A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças até dois anos de idade não usem telas, e que o uso seja limitado a uma hora por dia para crianças de três a cinco anos, e a duas horas por dia para aquelas de seis a 18 anos.

Cristiane Maria Leal Vardana Marangon, coordenadora da Linha de Cuidados da Saúde da Criança da Secretaria Municipal de Saúde, elogiou a iniciativa da audiência e enfatizou que a conscientização e sensibilização são essenciais para enfrentar essa questão.

Desafios Tecnológicos e Legislativos

O professor de tecnologia Everton Drohomeretski alertou para as mudanças tecnológicas que impactarão o mercado de trabalho nos próximos anos, destacando a necessidade de adaptação das crianças e adolescentes. Ele também comentou sobre a dificuldade de concentração e a inabilidade para lidar com frustrações, cada vez mais comuns entre jovens imersos no mundo digital.

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A advogada Renata Kobus, da Comissão de Direito Digital da Ordem dos Advogados do Brasil, destacou que a legislação ainda está atrasada em relação aos desafios trazidos pela tecnologia. Ela mencionou questões como cyberbullying e sexting, que exigem adaptações legais. Kobus enfatizou que mudanças culturais e legislativas são necessárias para lidar com os impactos da tecnologia na sociedade 4.0.

Conclusão

A audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná foi um importante passo para ampliar o debate sobre os riscos do uso excessivo de telas na infância e adolescência. A iniciativa busca não apenas conscientizar, mas também mobilizar governo, escolas e famílias para a implementação de medidas que possam proteger as novas gerações dos efeitos adversos da tecnologia.

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