Na manhã desta quinta-feira (9), um marco para a Associação Iguais nas Diferenças foi registrado: a aula inaugural do Projeto de Equoterapia aconteceu pela manhã. O projeto recebeu no ano passado e deverá receber também em 2023 recursos a partir de Emendas Impositivas destinadas pelos vereadores, para a realização de suas atividades
Atualmente o projeto conta com 40 pessoas participando das aulas e, de acordo com a presidente da Associação, Angélica Oliveira, os recursos enviados pelos vereadores, em conjunto com o auxílio recebido por outras entidades e pelo Poder Público, possibilitou a ampliação do número de atendimentos.
De acordo com informações da Câmara Municipal de Vereadores, nas Emendas Impositivas de 2022, os vereadores Maria Cristina Hamera (PV) destinou o valor de R$ 10 mil; Romulo Faggion (PSL), R$ 10 mil e, para 2023, os vereadores Januário Koslinski (PSDB) destinará R$ 25 mil; Claudemir Zanco (PL), o valor de R$ 35 mil; e Romulo Faggion (União Brasil), R$ 39 mil. Os valores destinados para 2023 devem ser repassados até o dia 31 de dezembro para a entidade.
De acordo com Angelica, as aulas já começam oficialmente na próxima segunda-feira (12) e receberá crianças de vários lugares. “Esse ano a Apae, quando a gente colocou que o projeto aconteceria nos períodos da manhã e tarde, foi divulgado nos grupos de pais, lembrando que não temos vínculo com eles, mas a maioria são alunos de lá que vão praticar a equoterapia”, comenta.
A presidente ainda enfatiza que apenas dois dos praticantes do projeto já realizavam as aulas anteriormente, “agora teremos novos alunos, que nunca tiveram contato com cavalos”.
O tesoureiro da Associação, Eloir Guederte, conhece a realidade financeira da entidade e afirma que os recursos recebidos facilitarão a manutenção do projeto, principalmente sobre os funcionários que fazem a puxa dos cavalos, alimentação dos cavalos, veterinária “e tudo o que se refere a equoterapia, com essas emendas vai ficar mais fácil de manter”.
Evolução
Fernanda Chiochetta já acompanha sua filha, Gabriela, de 6 anos, na equoterapia há quatro anos e vê a evolução dela a cada interação com o animal. Gabriela tem autismo e não conteve a emoção ao ver o cavalo no local. “A evolução tem sido fantástica, tanto na coordenação motora, quanto no social, na fala. É fantástico o trabalho que as fisioterapeutas fazem. A gente vê a diferença dela”, comemora.
Um outro caso em que a equoterapia tem resultado bons frutos é com o jovem Davi, de 15 anos, filho de Marcieli Madureira. A mãe conta que o filho tem paralisia cerebral, em decorrência do cordão umbilical enrolado no pescoço na hora do parto. “Faltou oxigênio e afetou a parte motora”.
Davi faz equoterapia desde aproximadamente 2 anos e sua mãe relata que faz muita diferença.
“Mais importante do que a fisioterapia, que é mais para não atrofiar, mas a equoterapia para ele é uma das melhores técnicas que ele já fez, ele já fez hidroterapia. É muito importante para as crianças. A felicidade dele é muita, como eles são limitados, não caminham, tem dificuldades, quando ele vê o cavalo fica muito feliz, ele adora, já chega gritando para ir logo. Além do contato dos animais, para eles faz muito bem”, destaca.
Butiá e Chico
O nome dos cavalos utilizados nas sessões de equoterapia é Butiá e Chico e são os mesmos utilizados anteriormente pelo projeto. A fisioterapeuta Bruna Rotava explica que os animais foram escolhidos através de um treinamento, onde passaram por técnicas de fisioterapia e montaria.
“Os cavalos precisam ser calmos e enfrentar bem as situações que a gente enfrenta no nosso dia a dia”, destaca, comentando ainda que, depois do treinamento, quando foi constatado que eles estavam aptos para isso, foram selecionados.
“Eles escolheram estar com as crianças, se adaptaram bem a tudo que foi proposto, aos treinamentos e atividades. São animais bem calmos”, afirma.
A Associação Iguais nas Diferenças também recebeu, do Rotary Clube Pato Branco Sul, duas selas australianas, adaptadas para o tratamento das crianças. Para isso, o Rotary em questão contribuiu com cerca de R$ 3.600, valor oriundo da Expoflor realizada em 2022, com o auxílio do Sicredi.
“A sela é específica para as crianças que não tem controle cervical, de tronco, crianças cadeirantes, com paralisia, porque na montaria normal a gente pode utilizar a montaria dupla, onde o terapeuta precisa montar com a criança. No caso dessa sela especial, com um encosto, promove o conforto e não oferece o risco da criança cair”, explica Bruna.
Benefícios
Entre os ganhos ofertados pela equoterapia, a fisioterapeuta destaca que a marcha do cavalo é a mais próxima da marcha humana e, para uma criança que não caminha, é o mais próximo do movimento caminhar, promovendo a estabilidade postural, faz correção e trabalha a parte cognitiva do contato.
“Com pacientes autistas, por exemplo, a gente consegue trabalhar o contato do praticante com o animal. Isso melhora os laços na escola e em casa”, destaca. A prática fornece, ainda, o fortalecimento da coluna, do abdome e das pernas.
Sobre a evolução dos pacientes, Bruna explica que cada criança evolui no seu tempo, porém, a equoterapia, em muitos casos, gera resultados de forma rápida. “Depende da criança, as vezes ela chega e não quer montar logo de cara. A gente não força uma criança a estar em cima do animal, então é preciso ir vencendo as barreiras e fazer, primeiramente, a aproximação da criança com o animal”, conclui.
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