“Para a próxima reunião, o Comitê antevê a continuação do processo de normalização monetária com outro ajuste da mesma magnitude (0,75ponto), registrou a ata. “Contudo, uma deterioração das expectativas de inflação para o horizonte relevante pode exigir uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários. O Comitê ressalta que essa avaliação também dependerá da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e de como esses fatores afetam as projeções de inflação.”
Estas avaliações já constaram no comunicado da semana passada, quando o Copom elevou a Selic em 0,75 ponto porcentual, para 4,25% ao ano. A visão do Copom para o encontro do mês de agosto, no entanto, marca uma mudança em relação ao que vinha sendo comunicado até então.
No encontro de maio, o Copom ainda antevia a continuação do processo de “normalização parcial” do estímulo monetário. No comunicado da semana passada e na ata de hoje, o colegiado retirou o termo “parcial” e indicou claramente a intenção de elevar a Selic até a taxa neutra – o juro que, em tese, permite crescimento sem gerar inflação.
“Neste momento, o cenário básico do Copom indica ser apropriada a normalização da taxa de juros para patamar considerado neutro”, repetiu o Copom na ata de hoje. “Esse ajuste é necessário para mitigar a disseminação dos atuais choques temporários sobre a inflação. O Comitê enfatiza, novamente, que não há compromisso com essa posição e que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação.”
Aperto maior
O Copom chegou a discutir já na reunião da semana passada a possibilidade de apertar ainda mais o ritmo de sua atuação, de acordo com a ata do encontro “Frente à revisão da trajetória de política monetária implícita nas suas projeções, o Comitê avaliou uma redução mais tempestiva dos estímulos monetários já nesta reunião”, descreveram os membros do Copom.
De acordo com a ata, no entanto, considerando os cenários alternativos, o Comitê entendeu que a melhor estratégia seria a manutenção do atual ritmo de redução de estímulos, mas destacando a possibilidade de ajuste mais tempestivo na próxima reunião. No mercado financeiro, depois do comunicado que se seguiu à decisão, muitos agentes passaram a prever que o próximo aumento da taxa básica seria em torno de 1 pp.
A estratégia escolhida pelo BC, segundo o documento, teria duas vantagens. A primeira delas é que haverá um período para a diretoria colegiada acumular mais informações sobre os tradicionais determinantes da inflação. O texto enfatiza que isso é importante, principalmente por conta de aspectos qualitativos, como a evolução dos preços mais inerciais, conforme o setor de Serviços se recupera, e o comportamento das expectativas de inflação, tanto da pesquisa Focus quanto o implícito nos preços de mercado.
A segunda vantagem apontada pelo Copom é que surge a oportunidade de esclarecer a distinção entre transparência sobre as projeções condicionais e intenções invariantes de política monetária. “O compromisso inequívoco do Banco Central é com a convergência da inflação para a meta no horizonte relevante e os passos futuros da política monetária são livremente ajustados com esse objetivo, conforme novas informações se tornam disponíveis”, reforçaram os membros do Comitê.
Assim, de acordo com eles, indicações sobre a trajetória futura dos juros, sejam para a próxima reunião ou para o patamar final, são elementos úteis para a compreensão da função de reação da política monetária. “As informações obtidas no período entre as reuniões do Copom modificam as hipóteses presentes no cenário básico e no balanço de risco, e naturalmente alteram a trajetória futura dos juros”, ressaltaram.
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