De acordo com o Ministério da Defesa, o massacre aconteceu no Valle de los Rios Apurímac, Ene e Mantaro, região montanhosa que concentra 75% da produção de cocaína da América Latina.
Ao redor dos corpos das vítimas – alguns queimados – foram encontrados panfletos com a assinatura de membros ainda ativos do Sendero. As mensagens incentivavam os peruanos a boicotar as votações que devem acontecer no dia 6 de junho.
As informações destacadas pelo comando das Forças Armadas do Peru revivem o conflito armado que deixou 69 mil mortos no país nas últimas décadas do século 20. Em 1990, Alberto Fujimori foi eleito para a presidência e permaneceu no poder por dez anos. Depois, ele foi condenado e hoje cumpre pena de 25 anos por violação de direitos humanos.
À época, Abimael Guzmán liderou uma insurgência do Sendero contra o governo autoritário de Fujimori. Após ser capturado, Guzmán ordenou que os seguidores baixassem as armas. Autoridades consideram que as últimas células ativas do grupo atuam em proximidade com o narcotráfico e se concentram na região de Valle de los Rios.
O ataque acontece em meio a uma nova polarização ideológica no país. Keiko Fujimori, filha do ex-ditador peruano e representante conservadora, enfrenta o candidato da esquerda Pedro Castillo, professor e líder sindical. Os panfletos encontrados no local do massacre acusavam os seguidores de Fujimori de traidores. Já Castillo é acusado de simpatizar com os guerrilheiros. Para seus opositores, sua vitória colocaria o país em um estado de conflito novamente.
“Nós condenamos o uso político que o ‘Fujimorismo’ está fazendo sobre esta tragédia”, afirmou a assessora de Castillo, Betssy Chávez, em sua conta pessoal no Twitter. As pesquisas mostram que Castillo lidera a corrida eleitoral por 10 pontos.
Por outro lado, o consultor de segurança peruano Pedro Yaranga diz acreditar que o país pode viver um novo período de escalada da violência se Keiko vencer a disputa, já que as facções senderistas devem promover ataques contra o governo da filha do ex-ditador. “Nós estamos voltando para algo que achamos que tínhamos ultrapassado”.
Em sua conta pessoal no Twitter, Keiko afirmou que, se eleita, se compromete a manter “a democracia, a liberdade de imprensa e a separação dos poderes”.
As Nações Unidas emitiram nota em solidariedade às vítimas e parentes. Ao condenar o ataque, pediu que os partidos conduzam uma campanha responsável e promovam uma convivência pacífica. Os militares peruanos consideraram os assassinatos “um ato de genocídio”. (Com agências internacionais)
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