Em João 7, 40-47 temos um relato dramático e surpreendente. Após escutar os ensinamentos de Jesus, há uma divisão entre as pessoas: os que afirmam que Ele é um Profeta, o Cristo, e outros, como os fariseus, que duvidam de Sua identidade, porque veio da Galileia.
Jesus vai para a montanha rezar. Pela manhã, volta ao templo e começa a ensinar. De repente, uma algazarra de fariseus e escribas, que se aproximam com pedras nas mãos, trazendo uma mulher surpreendida em adultério (Jo 8, 3-11). A lei mosaica permitia matar apedrejadas tais mulheres. Como eles veem nisso, também, uma oportunidade de condenar Jesus, apresentam-lhe a situação e pedem uma resposta. Jesus percebe a armadilha que se lhe apresenta.
A mulher permanece muda, como uma ovelha levada ao matadouro. Jesus se inclina para a terra, começa a escrever no chão, com o dedo, e lhes diz: “Que atire a primeira pedra quem não tiver pecado”. Eles largam as pedras no chão, vão embora. Um silêncio toma conta da situação e Jesus percebe que somente a mulher permanece imóvel e surpresa. Jesus lhe diz: “Já que ninguém te condenou, eu também não te condeno, vai em paz e não voltes a pecar”.
Muito poderia ser dito a respeito do texto e da atitude dos fariseus e de Jesus. Interessa-nos aqui notar o que move Jesus: a defesa da vida ameaçada. Também nos surpreende o modo como recupera a mulher e a devolve para a vida. Jesus não olha para trás, não condena, não dá lição de moral, apenas perdoa e manda que ela vá em paz.
A misericórdia supõe jogar fora as pedras, abaixar o dedo e mudar a condenação, cuidar, acolher, estender a mão e voltar para a vida em paz! A misericórdia alarga o nosso coração. O que vejo e como vejo depende do coração.
O que são simples palavras diante de tão grande gesto de Jesus? O que são palavras diante das lágrimas da mulher que se sentiu amada e lançada para uma nova vida?
Neste tempo de Advento, ao invés de pedras, lancemos redes de misericórdia e solidariedade para resgatar a vida humana.
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