Atividades no kartódromo Ayrton Senna serão suspensas com o término do ano

Para a prática de kart no local, é necessário que o Município faça alterações do Plano Diretor, incluindo a atividade

Após ter se tornado público, o protocolo feito na Câmara Municipal de Pato Branco na sexta-feira (3), onde a coordenadora do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente, Habitação e Urbanismo (Gaema) do Ministério Público do Paraná (MP-PR) – Núcleo de Pato Branco, Ivana Ostapiv Rigailo, deu ciência ao Legislativo da Recomendação Administrativa nº 57/2021, que versa sobre a adoção de  “providências urgentes e necessárias para a imediata cessação das atividades típicas do Kartódromo Municipal Ayrton Senna, no prazo de dez dias, sob pena de interposição de Ação Civil Pública, por prazo indeterminado até a regularização do competente licenciamento ambiental”, representantes do Kart Clube Pato Branco e do Município se reuniram com a promotora na tarde dessa terça-feira (7).

Ainda na tarde de ontem, a diretoria do Kart Clube se reuniu e em seguida, juntamente com o secretário de Esporte e Lazer, Alexandre Zocche anunciaram que as atividades do kartódromo Ayrton Senna ficarão suspensas temporariamente, a contar do prazo de dez dias estabelecido pelo Gaema, e com mais dez dias de prorrogação, portanto, até o final do ano.

De acordo com Zocche, no encontro com a promotora do Gaema, “foi repassado todos os encaminhamentos que o Município tem”, o secretário ainda afirmou que o Kart Clube, — que tem o direito de cessão de uso do local —, tem a pendência de uma Licença Ambiental, que é decorrente da questão de zoneamento do Plano Diretor, revisto em 2008.

Ocorre, que na elaboração do documento que regula todas as atividades no município, a prática de kart não foi inclusa na ocupação do espaço, em anexo ao Parque de Exposições, ao que Zocche afirmou ter sido “esquecido”.

Sendo assim, é necessária uma alteração no Plano Diretor que vem sendo revisado nos últimos anos, e sendo incorporada a atividade de kart, a busca pela Licença Ambiental de órgão estadual, no caso o Instituto Água e Terra (IAT).

De acordo com o secretário, a pasta passa a trabalhar para regulamentação do espaço, para tanto, é necessário que o tema entre na pauta do Conselho Municipal do Plano Diretor (Coplan), mas para isso, será preciso ver quando será a próxima reunião, se pode ocorrer em sessão extraordinário ou não. Assim, Zocche preferiu não estabelecer um prazo para esta etapa do que pode ser uma solução para o kartódromo de Pato Branco.

Ele fez questão de enfatizar que, “[o] fechamento não é definitivo, mas sim suspenso. Vamos tentar sanar as documentações que o IAT e o MT solicitaram, e o que ouvimos da doutora [Ivana Ostapiv], que se conseguirmos essa documentação pode voltar a utilizar, com as atividades normais”, contudo, ele mesmo reconhece, que se o Município não incluir a área no novo Plano Diretor, e, portanto, toda a documentação, “a prática do kart fica inviabilizada.”

O secretário lembra que mesmo estando aos cuidados do Kart Clube, utilizam da pista ciclistas, corredores, e adeptos de variadas modalidades esportivas. E que, devido a Recomendação Administrativas, todas as atividades serão suspensas até que se chegue a uma definição, “em virtude deste espaço [kartódromo] ser 100% mantido pelo clube de kart, e não temos pessoas nesse momento para estarmos realocando no espaço.”

De acordo com ele, para que práticas esportivas não que não produzam ruídos sejam viabilizadas neste momento de suspensão, é necessária uma reorganização, o que segundo o secretário se torna inviável por envolver licitação, que envolve uma série de prazos.

Encaminhamentos dados

Lucian Brandalise, presidente do Kart Clube Pato Branco afirmou que “isso [recomendação do MP] é uma situação que veio já no decorrer do ano, que veio se alastrando no decorrer deste ano. Sim, foi feita toda a documentação solicitada pelo IAT e pelo MP, mas infelizmente chagamos a um ponto aonde um documento crucial que há 30 anos, em 1992, não era solicitado.”

Conforme Brandalise ao longo do processo foi solicitado a Licença Ambiental e um Relatório Ambiental, este último documento é a comprovação através de laudo de engenheiro ambiental, se estava causando algum ruído ou não.

“O laudo tem 136 páginas, que prova que estamos dentro da Lei do Psiu [o Programa do Silêncio Urbano, em Pato Branco, e foi criada em 2019], que os gazes emitidos não ultrapassam os limites da legislação” afirma Brandalise ao comentar que mesmo com a suspensão das atividades do kartódromo, o kart clube vai seguir.

“O CNPJ do kart clube foi criado há 30 anos, a diretoria vai continuar normal. Como? Não sei. Qual recurso? Ainda não sabemos. Mas sim, vamos continuar ainda, incentivando todos os pilotos, e principalmente os novos pilotos para representar o município fora da cidade”, pontuou lembrando que em outros momentos a questão do kartódromo também foi debatida e chegou à Câmara Municipal. “Sabemos que em 1992 não tinha quase nada de casas aqui, quem veio morar depois, já sabia do kartódromo, mas com a expansão da cidade, ficamos no meio do bairro e sabemos que isso é um problema para a população. Vínhamos batendo na tecla de tirar a pista daqui e ir para um novo lugar. Nosso ponto principal era sair daqui e ir para uma pista nova e que os treinamentos não parassem. E com isso não desestimulasse as crianças quanto a prática do esporte. Infelizmente não podemos afirmar que vamos continuar aqui, simplesmente gostaríamos de uma solução ou um bom senso.”

Usuários

A reunião desta terça, no kartódromo não reuniu apenas kartistas, mas ciclistas e corredores, que queriam saber qual o encaminhamento que será dado ao local.

O ciclista, Alexandre Muczfeldt Martins de Siqueira foi um dos que compareceu à reunião e se disse muito triste com a situação. “Me admira partir de alguém que deveria lutar pela população, lutar em prol de manter um espaço como este para praticar um esporte”, disse indignado com a suspensão do local.

Ao falar da prática de ciclismo ele evidenciou que “hoje, brigamos com carros, caminhões para poder praticar o ciclismo na nossa cidade. E hoje o kartódromo, através do kart clube temos um espaço onde podemos praticar, treinar. Onde podemos nos preparar para as competições”, ela ainda lembrou o relatório produzido pela entidade do kart e lamentou a possível ocupação do espaço, com o impedimento da prática de kart no local, afirmando que “se o kart clube deixar isso na mão do Poder Público, isso aqui, vai virar um grande centro de usuários de drogas da nossa cidade.”

Ex-presidente do Kart Clube Pato Branco, Paulo Giubin também afirmou ter recebido as informações das conduções dadas, com tristeza.

Para ele, não apenas o kartismo e a população de Pato Branco, mas do Sudoeste perdem com a recomendação

Giublin afirmou ter recebido mensagens de solidariedade ao kart clube em grupos de Whats App que reúnem pilotos. Dentre as manifestações, pilotos como Renato Russo, Felipe Giaffone e Rodrigo Piquet, prestaram apoio ao momento vivido em Pato Branco.

“Ficamos chateados porque a pista de kart, ela não é somente uma pista de kart, ela é usada para várias atividades, tem a parte do ciclismo, da caminhada”, disse ele, que também recordou que sua primeira corrida no kartódromo de Pato Branco foi em 1992, logo após a inauguração, em uma etapa do Campeonato Paranaense.

Giublin também demonstrou preocupação com o futuro do espaço. “Sabemos que qualquer um que pule o muro vai poder fazer o que quiser aqui. Temos tantos problemas na cidade, problemas mais importantes para o Poder Público ir atrás, e vai justamente interpor uma ação em um lugar que está sendo praticado esporte, sendo feito algo para saúde, que está gerando confraternizações de pessoas, famílias, acabar com isso, acho muito triste.”

Na visão dele, poderia ser estabelecido um prazo para a regularização. “Isso é feito em todo o lugar, mas não simplesmente dá dez dias para que o kartódromo deixe de ter atividades”, afirmou lamentando que muitas pessoas que vivem de atividades relacionadas a modalidade, serão impactadas economicamente.

Pato Parque

Em meio a toda a situação envolvendo o kartódromo de Pato Branco, o Executivo, que já vinha realizando consultas juntos as praticantes de esportes a motor, apresentou a proposta de criação do Pato Parque.

Um local, que segundo Zocche faz parte do plano de trabalho da atual gestão, e que se tornaria em um espaço adequado para modalidades como kart, motocross, jeep e arrancadas.

O Município, vem sondando uma área nas proximidades do rio Chopin. “Já visualizamos uma terra para o Município fazer a aquisição, estamos vendo a documentação, a parte ambiental, se no local é possível fazer. Não adianta fazer a aquisição de um terreno, para uma atividade esportiva automobilística e lá a parte ambiental também não nos liberar. Estamos vendo toda a documentação, após a documentação, o Município faz a aquisição”, disse o secretário, falando em acomodação das modalidades esportivas em local adequado.

você pode gostar também
Deixe uma resposta