Os militares são integrantes do Programa Atletas de Alto Rendimento (PAAR) do Ministério da Defesa, que vão competir em 21 das 46 modalidades do programa olímpico no Japão. E muitos são candidatos à medalha em várias modalidades. São os casos, por exemplo, de Beatriz Ferreira (boxe, terceiro-sargento da Marinha), Arthur Nory (ginástica, terceiro-sargento da Força Aérea), Duda Lisboa (vôlei de praia, terceiro-sargento do Exército) e Ana Marcela da Cunha (maratona aquática, terceiro-sargento da Marinha).
Na Olimpíada do Rio, atletas militares conquistaram 13 das 19 medalhas do Brasil, o correspondente a 68% dos pódios do Brasil. Em Londres, eles conseguiram cinco medalhas.
O Ministério da Defesa gasta aproximadamente R$ 38 milhões por ano com 549 atletas do PAAR, mas o montante pode oscilar dependendo do desligamento de alguns militares ou incorporação de outros ao programa. O valor inclui salário, assistência médica e locais de treinamento nas instalações esportivas localizadas em organizações militares das Forças Armadas. O soldo recebido pelos atletas das Forças Armadas gira em torno de R$ 4 mil, dependendo da patente e da corporação.
Criado em 2008, o programa considera os resultados em competições nacionais e internacionais e as medalhas para incluir novos atletas. Assim, para ser um atleta das Forças Armadas é preciso fazer parte da elite do esporte. Mesmo em um cenário marcado pela retração de gastos nas esferas pública e privada por causa da pandemia de covid-19, sob o governo do presidente Jair Bolsonaro os investimentos nos atletas militares não foram prejudicados.
Em meio às dificuldades impostas pela pandemia tanto do ponto de vista financeiro quanto técnico, o auxílio das Forças Armadas acabou sendo fundamental para atletas como Gabriel Constantino, atual recordista sul-americano nos 110m com barreiras (13s18) e terceiro-sargento do Exército. “Tivemos diversas adaptações e não seria possível treinar com tão alta performance. Continuei mantendo meus treinos, fisioterapia, acompanhamento médico e com nutricionista”, disse.
Keno Marley, de 21 anos, boxeador meio-pesado (até 81kg) e também terceiro-sargento do Exército, é outro atleta que destaca a importância das Forças Armadas em sua preparação para os Jogos. “Estou me preparando há bastante tempo. O PAAR tem uma importância grande, porque consigo me manter no esporte e com alto rendimento”, disse o vice-campeão nos Jogos Pan-Americanos Lima, em 2019, que deixou o interior da Bahia, seu Estado natal, para se dedicar ao boxe em São Paulo com apenas 13 anos.
No ano passado, com os centros de treinamento fechados por causa do novo coronavírus, instalações das Forças Armadas serviram como tábua da salvação para dezenas de atletas militares manter uma rotina mínima de trabalho na tentativa de eles não prejudicarem o condicionamento físico durante a pandemia. Entre as estruturas que receberam atletas naquele período estão o CEFAN (Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes), da Marinha, e a EsEFEx (Escola de Educação Física do Exército), ambos localizados no Rio.
“É um orgulho ter essa oportunidade de disputar os Jogos Olímpicos e fazer parte da Marinha. Fico mais confiante, com o apoio recebido, para realizar um sonho que é trazer uma medalha e estar no pódio”, disse a líder do ranking mundial de boxe Beatriz Ferreira.
Se a pugilista e os demais atletas bem cotados à medalha subirem ao pódio em Tóquio, eles deverão bater continência na hora do hino nacional e hasteamento da bandeira. “Essa polêmica sobre a alusão da continência com patrocinador já está superada e há um consenso geral de que o gesto não tem o cunho de propaganda ou manifestação política. Aqueles que o fizerem estarão prestando uma saudação voluntariamente, sem qualquer cobrança de seus superiores. A continência é uma saudação formal entre militares aos símbolos nacionais”, disse o major-brigadeiro do ar José Isaias Augusto de Carvalho Neto, diretor do Departamento de Desporto Militar.
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