Neste ano, alguns apostaram em expor a rotina na Vila Olímpica, como influenciadores de Instagram. Outros produziram conteúdos elaborados para o TikTok. E houve quem transitasse entre os dois mundos, como foi o caso da skatista Rayssa Leal, de 13 anos.
“A ‘Fadinha’ é uma criadora que influencia a audiência, o contexto e as marcas. A geração dela está nessas plataformas”, explica Julia.
Abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.
O que as redes sociais acrescentaram à Olimpíada?
A grande diferença de 2016 para hoje é que, lá, fizemos esses bastidores e rotinas pela interpretação dos influenciadores, e não dos atletas, que não estavam muito “vivos” no digital. A nossa percepção, agora, é que, por conta de as pessoas ficarem mais em casa, todo mundo consumiu mais conteúdo nas mídias sociais. Os próprios atletas também se tornaram esses consumidores.
Isso é impacto da pandemia?
Houve uma exacerbação do volume e do consumo de conteúdo de esporte. Isso é muito rico, porque conseguimos desmistificar a vida do atleta. Para quem é atleta, é difícil encontrar patrocinadores, e o nosso País ainda vive o contexto de pouco investimento nos esportes para além do futebol. Os atletas entenderam a grande potência que tinham e viram nas redes sociais como se aproximar da audiência. E existe uma grande oportunidade de ter benefício financeiro com essa exposição digital.
O que os Stories do Instagram e TikTok trouxeram de novidade?
O Instagram é uma plataforma que funciona como a televisão diária para ver o dia a dia do atleta. O TikTok, diferente dos Stories, do Instagram, é um entretenimento no qual você produz conteúdo escalável e compartilhável. É um YouTube mais célere e mais compartilhável. É uma plataforma para a geração de conteúdo de entretenimento. O atleta não é criador de conteúdo, e sim influenciador. O criador de conteúdo coloca energia na criação de roteiro, de edição, enquanto o influenciador conta a história dele nos bastidores.
A Rayssa Leal, de 13 anos, é um caso de criadora de conteúdo e influenciadora?
A “Fadinha do Skate” é uma criadora de conteúdo que influencia a audiência, o contexto e as marcas. E ela é da geração Z, que foi pioneira no TikTok por fazer dublagens. A geração da Fadinha está nessas plataformas. Tanto que ela dança na pista de skate: não é que ela faz algo para produzir conteúdo diferente da vivência dela. Ela é essa pessoa. A Rayssa apenas transpõe isso para uma plataforma digital.
Essas mudanças vão continuar na Olimpíada de Paris, em 2024?
É possível cravar que houve uma mudança no mundo na forma de consumo de conteúdo. O impacto vem a partir da pandemia. A Olimpíada entrou nesse pacote, assim como o Big Brother Brasil. Em 2024, vamos ver mais comunidades no meio digital, ou seja, não só a audiência que segue aquele influenciador, mas uma audiência que realmente interage. Vai existir um grupo específico de pessoas que seguem atletas, por exemplo. É um oceano imenso que ainda não desbravamos no segmento do esporte.
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