‘Atletas se aproximaram da audiência pelas redes sociais’

Na Olimpíada de Tóquio, a pandemia de covid-19 esvaziou estádios, mas encheu as plataformas digitais de usuários sedentos por conteúdo. Isso fez os atletas descobrirem a própria “potência” para além do esporte: eles podem ser influenciadores e criadores de conteúdo no Instagram e no TikTok, afirma a publicitária Julia Leão, diretora de comunidades estratégicas da agência Squid. “Os atletas viram nas redes sociais como se aproximar da audiência. E existe uma grande oportunidade de ter benefício financeiro com essa exposição digital”, explica Julia, que trabalhou no departamento de marketing da Olimpíada do Rio de Janeiro, em 2016.
Neste ano, alguns apostaram em expor a rotina na Vila Olímpica, como influenciadores de Instagram. Outros produziram conteúdos elaborados para o TikTok. E houve quem transitasse entre os dois mundos, como foi o caso da skatista Rayssa Leal, de 13 anos.
“A ‘Fadinha’ é uma criadora que influencia a audiência, o contexto e as marcas. A geração dela está nessas plataformas”, explica Julia.
Abaixo os principais trechos da entrevista concedida ao jornal O Estado de S. Paulo.
O que as redes sociais acrescentaram à Olimpíada?
A grande diferença de 2016 para hoje é que, lá, fizemos esses bastidores e rotinas pela interpretação dos influenciadores, e não dos atletas, que não estavam muito “vivos” no digital. A nossa percepção, agora, é que, por conta de as pessoas ficarem mais em casa, todo mundo consumiu mais conteúdo nas mídias sociais. Os próprios atletas também se tornaram esses consumidores.
Isso é impacto da pandemia?
Houve uma exacerbação do volume e do consumo de conteúdo de esporte. Isso é muito rico, porque conseguimos desmistificar a vida do atleta. Para quem é atleta, é difícil encontrar patrocinadores, e o nosso País ainda vive o contexto de pouco investimento nos esportes para além do futebol. Os atletas entenderam a grande potência que tinham e viram nas redes sociais como se aproximar da audiência. E existe uma grande oportunidade de ter benefício financeiro com essa exposição digital.
O que os Stories do Instagram e TikTok trouxeram de novidade?
O Instagram é uma plataforma que funciona como a televisão diária para ver o dia a dia do atleta. O TikTok, diferente dos Stories, do Instagram, é um entretenimento no qual você produz conteúdo escalável e compartilhável. É um YouTube mais célere e mais compartilhável. É uma plataforma para a geração de conteúdo de entretenimento. O atleta não é criador de conteúdo, e sim influenciador. O criador de conteúdo coloca energia na criação de roteiro, de edição, enquanto o influenciador conta a história dele nos bastidores.
A Rayssa Leal, de 13 anos, é um caso de criadora de conteúdo e influenciadora?
A “Fadinha do Skate” é uma criadora de conteúdo que influencia a audiência, o contexto e as marcas. E ela é da geração Z, que foi pioneira no TikTok por fazer dublagens. A geração da Fadinha está nessas plataformas. Tanto que ela dança na pista de skate: não é que ela faz algo para produzir conteúdo diferente da vivência dela. Ela é essa pessoa. A Rayssa apenas transpõe isso para uma plataforma digital.
Essas mudanças vão continuar na Olimpíada de Paris, em 2024?
É possível cravar que houve uma mudança no mundo na forma de consumo de conteúdo. O impacto vem a partir da pandemia. A Olimpíada entrou nesse pacote, assim como o Big Brother Brasil. Em 2024, vamos ver mais comunidades no meio digital, ou seja, não só a audiência que segue aquele influenciador, mas uma audiência que realmente interage. Vai existir um grupo específico de pessoas que seguem atletas, por exemplo. É um oceano imenso que ainda não desbravamos no segmento do esporte.
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