Fato é que o tema já provocou polêmica. O COB (Comitê Olímpico do Brasil) chegou a pedir que os atletas evitem entrar em discussões virtuais e teve país, como o Japão, que montou um grupo só para monitorar o que estão falando de seus competidores numa tentativa de evitar que mensagens de ódio e discriminatórias cheguem a eles.
Mas nem sempre esse trabalho preventivo dá certo. A ginasta japonesa Mai Murakami, por exemplo, chorou muito quando questionada por jornalistas sobre as críticas que recebeu nas redes sociais por participar em meio à pandemia de uma Olimpíada que boa parte da população do Japão é contrária. “Mesmo que eu não quisesse ver esses comentários, eles chegaram até mim e realmente me fizeram sentir péssima. Foi perturbador e triste”, disse a medalha de bronze no solo.
No caso da sul-coreana An San, nem mesmo o fato de ela ter se tornado a primeira arqueira a vencer três medalhas de ouro em uma única edição dos Jogos fez com que ela ficasse livre dos ataques nas redes por causa do seu corte de cabelo, considerado “feminista” por alguns usuários. Coube ao seu treinador atuar como “escudo” da atleta e impedir qualquer pergunta sobre bullying online a ela.
Entre os atletas brasileiros há exemplos de situações totalmente opostas vividas em Tóquio. O ponteiro da seleção de vôlei Douglas Souza virou um fenômeno nas redes sociais ao mostrar os bastidores dos Jogos de forma descontraída e saltou de 250 mil seguidores para 3,2 milhões 3 depois foi para mais. Mas, depois do sucesso repentino, o próprio atleta procurou o técnico Renan Dal Zotto para dizer que iria reduzir a sua exposição.
Já o ginasta Arthur Nory relatou ter tido as suas redes sociais invadidas por comentários relembrando o ato racista que cometeu em 2015 contra o também ginasta Angelo Assumpção. Ele não chegou a culpar os xingamentos que sofreu nos últimos dias pela sua queda de rendimento que o deixou fora da final olímpica, mas revelou que teve depressão.
O nadador Bruno Fratus foi um dos atletas que optaram por ficar fora das redes sociais para não tirar o foco de seu último objetivo no Japão: conquistar uma medalha. E deu certo. Fratus faturou o bronze nos 50 m livre. “Um dos motivos pelo qual saí de rede social aqui é porque precisava estar isolado no meu mundo. Quando a competição vai chegando eu vou afunilando e tirando cada vez mais coisas que não importam muito e priorizando o que é importante”, explicou.
Para o skatista Kelvin Hoefler, isso já não funciona. Segundo ele, o apoio recebido pelas redes sociais foi fundamental para a conquista da medalha de prata. “Não temos público nos Jogos Olímpicos, então eu estava vendo as mensagens no telefone, vendo minhas redes sociais e sentindo toda a energia da torcida.”
Bárbara, goleira da seleção brasileira feminina de futebol, se envolveu em uma confusão no Instagram que acabou motivando o COB a lançar a recomendação para que os atletas evitassem polêmicas. Ela foi marcada em um post de Andrea Pontes, atleta paralímpica da canoagem, questionando o seu peso e dizendo que deveria ser substituída por Babi Arenhart, goleira da seleção brasileira feminina de handebol. Bárbara respondeu o bate-boca virou público.
POLÊMICA – O Facebook bloqueou por engano do Instagram a velocista jamaicana Elaine Thompson-Herah, mulher mais rápida do mundo e medalhista de ouro nas provas dos 100m e 200m nos Jogos de Tóquio. O mal entendido se deu depois que a atleta publicou vídeos de suas provas no Japão. Depois, o Facebook admitiu que a suspensão foi aplicada incorretamente. Elaine, então, postou em seus stories no Instagram emojis sorridentes após o erro ter sido corrigido.
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