Riner é o atleta a ser batido na competição que conta com outros judocas de ótimo potencial. Em outros tempos, o favoritismo do francês seria mais claro, mas agora ele entra no torneio sem o mesmo prestígio de antes. Isso porque foi derrotado em fevereiro do ano passado pelo japonês Kokoro Kageura no Grand Slam de Paris.
A derrota de Riner fez com que perdesse uma invencibilidade de nove anos e cinco meses e 154 lutas. E o forçou a rever seus treinamentos para não ser surpreendido novamente. Ele já vinha evitando muitas participações em competições internacionais, para não ser tão “estudado” pelos oponentes. Depois do revés, se fechou ainda mais.
Até conseguiu a vaga olímpica, mesmo sem competir tanto, mas por isso ficou em um ranking abaixo de seu potencial, o que pode fazer estragos logo de cara no chaveamento. “O esporte é uma coisa engraçada. Você pode ser o melhor por muito tempo, mas apenas meio segundo é suficiente para fazer você perder tudo em uma competição”, afirmou Riner, mostrando-se atento aos perigos que terá pela frente.
Curiosamente, o Japão não escolheu Kageura para a disputa na Olimpíada. Optou por Hisayoshi Harasawa, prata cinco anos atrás nos Jogos do Rio-2016 ao perder para o próprio Riner na final. Pelo chaveamento da competição, eles se enfrentariam apenas em uma possível decisão, pois ficaram em lados opostos no sorteio.
A missão de Harasawa é também um encontro com a história. Nos Jogos Olímpicos de 1964, também disputados em Tóquio e no mesmo Nippon Budokan, que havia sido construído naquela época justamente para a estreia do judô no programa olímpico, o Japão não ganhou o ouro na categoria aberta, que ficou com o holandês Anton Geesink.
“Estou esperando uma final entre Harasawa e Riner”, disse Naoki Ogata, gerente de operações da Federação Internacional de Judô. “É um tipo de revanche na história do judô. Eu particularmente quero ver um judoca do Japão vencendo no Nippon Budokan”, continuou.
Uma possível derrota de Riner evitaria que ele se igualasse a Tadahiro Nomura, considerado uma lenda no país e que foi campeão olímpico em Atlanta-1996, Sydney-2000 e Atenas-2004 na categoria até 60 kg. “Claro que eu penso sobre esse feito, mas preciso ter atenção. Quero ganhar o ouro. Se conseguir, vou reservar um tempo para ver o Nomura e dizer que sei o quanto isso significa”, comentou o lutador francês.
Além do bem preparado judoca da casa, quem pode estragar a festa de Teddy Riner é o brasileiro Rafael Silva, o Baby, outro gigante da categoria. Ele tem duas medalhas de bronze no currículo, conquistadas em Londres-2012 e Rio-2016, e se vencer suas lutas vai cruzar com Riner na semifinal (o francês encara o austríaco Stephan Hegyi na estreia da categoria).
Do outro lado da chave estão Harasawa e o checo Lukas Krpalek, que podem também se enfrentar numa eventual semifinal. Krpalek, inclusive, foi campeão olímpico nos Jogos do Rio, na categoria até 100 kg, e decidiu subir de peso. Vem obtendo bons resultados e tem tudo para fazer uma boa competição em Tóquio.
MULHERES – No feminino, o Brasil estará representado por Maria Suelen Altheman na categoria dos pesados. Ela tem boas chances, mas pode ter de enfrentar a cubana Idalys Ortiz em uma eventual semifinal. O retrospecto é ruim para a judoca brasileira, mas recentemente ela ganhou da cubana e chega com moral para a disputa em Tóquio.
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