Os anti-inflamatórios representam uma verdadeira revolução no tratamento de doenças. Quando a aspirina surgiu como primeiro anti-inflamatório não esteroidal, lá no século XIX, houve uma grande distribuição e utilização, de lá pra cá, vários outros foram desenvolvidos, cada um com sua particularidade, sendo os mais conhecidos o ibuprofeno, naproxeno, nimesulida, diclofenaco, meloxicam e tantos outros. Eles possuem função antipirética (abaixa a febre), analgésica (reduz a dor) e anti-inflamatória (reduz inflamação). Mas a linha entre o papel deles como mocinho ou vilão é muito tênue.
Sobre o assunto, conversamos com a médica reumatologista, Maria Lara Picolo. Confira!
- Pacientes com doenças reumáticas devem usar este tipo de medicação com regularidade?
Existem mais de 200 doenças reumáticas, e o tratamento deve ser individualizado para cada paciente, levando em conta o tipo de doença e o perfil do paciente (se ele possui algum problema renal, a idade, se tem histórico de úlcera no estômago (úlcera péptica), por exemplo). Mas sim, algumas doenças reumáticas acabam utilizando anti-inflamatórios com mais frequência ou por um tempo mais prolongado, como na gota e na espondilite anquilosante, mas sempre com orientação médica.
- Qual o risco do uso de anti-inflamatórios?
Os riscos mais conhecidos são os gastrointestinais e o de disfunção renal! Mas pode também causar aumento da pressão arterial, toxicidade do fígado, broncoespasmo (como se fosse uma crise de asma), alterações hematológicas, entre outras…
- Quais tipos de pacientes devem ter mais cuidado ao usar o medicamento?
Pacientes idosos, com doença renal crônica, doença cardiovascular (especialmente insuficiência cardíaca), histórico de sangramento do trato gastrointestinal e de doença ulcerosa péptica. Também é uma medicação contraindicada para grávidas!
- Ainda existe muita automedicação por parte dos pacientes?
Infelizmente, sim. Como não é uma medicação que precisa de receita, qualquer pessoa pode ir na farmácia e comprar. Além, de algumas vezes, atrapalhar no diagnóstico de doenças, as pessoas não sabem dos efeitos colaterais e tomam de forma muito frequente, podendo desencadear outros problemas de saúde.
- Existe um tipo de anti-inflamatório específico para pacientes com doenças reumáticas ou qualquer um resolve?
Não, depende da doença e, principalmente, do perfil do paciente, sua idade e comorbidades.
- É verdade que esse tipo de anti-inflamatório causa problemas no estômago, ou outro tipo de complicações como prejuízo na função renal, por exemplo?
Sim, são efeitos adversos possíveis do uso de anti-inflamatórios!
O mais comum é a dor ou desconforto no estômago, mas pode ser causa de úlcera péptica (úlcera no estômago) e sangramento. Outro risco grave é o de disfunção renal, podendo inclusive levar a insuficiência renal aguda e necessidade de hemodiálise!
- Dicas de como os pacientes podem amenizar a dor sem uso de anti-inflamatórios?
Prefira analgésicos simples, como o paracetamol e a dipirona.
O uso de anti-inflamatórios em cremes, pomadas ou adesivos (tópicos) também podem ser úteis, já que possuem mínima absorção sistêmica.
Medidas não farmacológicas, como: gelo ou bolsa de água quente, dependendo do problema, massagens com liberação miofascial, fisioterapia com utilização de métodos para promover analgesia, acupuntura.
Outro ponto importante é a prevenção! Mantenha-se em forma, com a musculatura forte, boa mobilidade, evite o excesso de peso sobre suas articulações, tudo isso vai auxiliar na redução das lesões e, consequentemente, necessidade de anti-inflamatórios
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