Automedicação: Conheça os perigos do uso excessivo de anti-inflamatórios não esteroidais

Os anti-inflamatórios representam uma verdadeira revolução no tratamento de doenças. Quando a aspirina surgiu como primeiro anti-inflamatório não esteroidal, lá no século XIX, houve uma grande distribuição e utilização, de lá pra cá, vários outros foram desenvolvidos, cada um com sua particularidade, sendo os mais conhecidos o ibuprofeno, naproxeno, nimesulida, diclofenaco, meloxicam e tantos outros. Eles possuem função antipirética (abaixa a febre), analgésica (reduz a dor) e anti-inflamatória (reduz inflamação). Mas a linha entre o papel deles como mocinho ou vilão é muito tênue.

Sobre o assunto, conversamos com a médica reumatologista, Maria Lara Picolo. Confira!

  1. Pacientes com doenças reumáticas devem usar este tipo de medicação com regularidade?

Existem mais de 200 doenças reumáticas, e o tratamento deve ser individualizado para cada paciente, levando em conta o tipo de doença e o perfil do paciente (se ele possui algum problema renal, a idade, se tem histórico de úlcera no estômago (úlcera péptica), por exemplo). Mas sim, algumas doenças reumáticas acabam utilizando anti-inflamatórios com mais frequência ou por um tempo mais prolongado, como na gota e na espondilite anquilosante, mas sempre com orientação médica.

  1. Qual o risco do uso de anti-inflamatórios?

Os riscos mais conhecidos são os gastrointestinais e o de disfunção renal! Mas pode também causar aumento da pressão arterial, toxicidade do fígado, broncoespasmo (como se fosse uma crise de asma), alterações hematológicas, entre outras…

  1. Quais tipos de pacientes devem ter mais cuidado ao usar o medicamento?

Pacientes idosos, com doença renal crônica, doença cardiovascular (especialmente insuficiência cardíaca), histórico de sangramento do trato gastrointestinal e de doença ulcerosa péptica. Também é uma medicação contraindicada para grávidas!

  1. Ainda existe muita automedicação por parte dos pacientes?

Infelizmente, sim. Como não é uma medicação que precisa de receita, qualquer pessoa pode ir na farmácia e comprar. Além, de algumas vezes, atrapalhar no diagnóstico de doenças, as pessoas não sabem dos efeitos colaterais e tomam de forma muito frequente, podendo desencadear outros problemas de saúde.

  1. Existe um tipo de anti-inflamatório específico para pacientes com doenças reumáticas ou qualquer um resolve?

Não, depende da doença e, principalmente, do perfil do paciente, sua idade e comorbidades.

  1. É verdade que esse tipo de anti-inflamatório causa problemas no estômago, ou outro tipo de complicações como prejuízo na função renal, por exemplo?

Sim, são efeitos adversos possíveis do uso de anti-inflamatórios!

O mais comum é a dor ou desconforto no estômago, mas pode ser causa de úlcera péptica (úlcera no estômago) e sangramento. Outro risco grave é o de disfunção renal, podendo inclusive levar a insuficiência renal aguda e necessidade de hemodiálise!

  1. Dicas de como os pacientes podem amenizar a dor sem uso de anti-inflamatórios?

Prefira analgésicos simples, como o paracetamol e a dipirona.

O uso de anti-inflamatórios em cremes, pomadas ou adesivos (tópicos) também podem ser úteis, já que possuem mínima absorção sistêmica.

Medidas não farmacológicas, como: gelo ou bolsa de água quente, dependendo do problema, massagens com liberação miofascial, fisioterapia com utilização de métodos para promover analgesia, acupuntura.

Outro ponto importante é a prevenção! Mantenha-se em forma, com a musculatura forte, boa mobilidade, evite o excesso de peso sobre suas articulações, tudo isso vai auxiliar na redução das lesões e, consequentemente, necessidade de anti-inflamatórios

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