Banco Central aumenta a Selic para 11,25% ao ano diante de incertezas econômicas e alta do dólar

O Banco Central (BC) decidiu aumentar a taxa Selic, os juros básicos da economia, em 0,5 ponto percentual, elevando-a para 11,25% ao ano. A decisão foi unânime entre os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) e já era esperada pelo mercado financeiro, especialmente diante das recentes pressões do dólar e das incertezas sobre a economia global.

Essa elevação marca um novo ciclo de aperto monetário após um período de reduções. Desde agosto de 2022, quando a Selic alcançou 13,75% ao ano, foram realizados seis cortes consecutivos de 0,5 ponto percentual e um de 0,25 ponto percentual até maio de 2024. O ciclo de altas foi retomado em setembro deste ano, com o objetivo de conter o avanço da inflação.

Cenário global e preocupações domésticas

O comunicado do Copom destacou o aumento das incertezas nos Estados Unidos, mencionando a dificuldade em prever os rumos da economia norte-americana e a postura futura do Federal Reserve. Embora não tenha sido citado diretamente, o texto alude à volatilidade política gerada pela recente eleição do ex-presidente Donald Trump.

No Brasil, o foco recai sobre a política fiscal. O Copom enfatizou a importância de um orçamento público sustentável para conter a inflação e reduzir os riscos associados aos ativos financeiros. Segundo o comunicado, “uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida” é essencial para ancorar as expectativas inflacionárias.

Inflação e impacto da Selic

A taxa Selic é o principal instrumento utilizado pelo Banco Central para controlar a inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em setembro, o IPCA registrou alta de 0,44%, impulsionado pela bandeira vermelha nas contas de luz e pelo aumento no preço dos alimentos devido à seca prolongada. O acumulado de 12 meses alcançou 4,42%, aproximando-se do teto da meta de inflação para 2024, fixada em 3% com margem de 1,5 ponto percentual.

De acordo com o último Relatório de Inflação do BC, a projeção para o IPCA em 2024 foi revisada para 4,31%, mas pode subir ainda mais devido à alta do dólar e ao impacto da seca nos preços. O boletim Focus, divulgado semanalmente, estima que a inflação fechará o ano em 4,59%, acima do teto da meta.

O comunicado também trouxe previsões atualizadas para a inflação: 4,6% em 2024, 3,9% em 2025 e 3,6% no primeiro trimestre de 2026. Esses números refletem o “horizonte ampliado” adotado pelo BC, que considera os próximos 18 meses para avaliar o cenário inflacionário.

Crédito mais caro e impacto econômico

O aumento da Selic encarece o crédito e reduz o consumo, ajudando a controlar a inflação. Contudo, juros mais altos também podem desacelerar o crescimento econômico. Segundo o Relatório de Inflação, a projeção de crescimento do PIB em 2024 foi revisada para 3,2%, após uma expansão de 3,1% em 2023.

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A Selic serve como referência para as demais taxas de juros da economia, influenciando o custo do crédito para empresas e consumidores. Taxas elevadas tendem a reduzir o excesso de demanda, controlando a pressão sobre os preços, mas dificultam o acesso ao financiamento e desestimulam novos investimentos.

Perspectivas futuras

O Banco Central indicou que os próximos passos na política monetária dependerão de fatores como a evolução da inflação e a condução da política fiscal. Para que ocorra uma redução sustentada da Selic, é necessário que o BC tenha segurança de que os preços estão sob controle e não correm risco de novas altas.

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