Entre empresas privadas, Guindos citou o aumento da dívida corporativa. O dirigente, no entanto, afirmou que o número de insolvências não aumentou de maneira significativa durante a crise, enquanto o volume de empréstimos inadimplentes tem caído. Em relação aos bancos europeus, Guindos disse que a baixa rentabilidade das instituições é um risco à zona do euro, bem como a maior exposição à renda variável no setor financeiro não bancário.
Segundo Guindos, a combinação dos três riscos citados poderia criar uma “situação de tensão nos mercados financeiros, com potencial de se concentrar em determinados núcleos, setores, países e sistemas financeiros”. Ele afirmou ainda que a alta nas taxas de juros nominais em economias desenvolvidas, como nos Estados Unidos, pode afetar a Europa.
Para evitar que “cicatrizes profundas” na economia europeia se formem por conta da crise, Guindos argumentou que o BCE deve retirar de forma gradual as suas medidas de apoio monetário, assim como autoridades fiscais também devem relaxar aos poucos o suporte provido.
Economia verde
A presidente do BCE, Christine Lagarde, avalia o momento de transição da economia da zona do euro para práticas sustentáveis como uma oportunidade para a criação de um mercado de capitais único na região. Segundo ela, manter a fragmentação atual restringe a habilidade dos países da União Europeia (UE) de financiar futuros investimentos, enquanto a união dos mercados solucionaria alguns problemas estruturais na região.
Entre os desafios provocados pela fragmentação, Lagarde cita a dificuldade de fazer com que a política monetária do BCE seja mais resiliente a choques cíclicos. Ela também destacou a necessidade de transformar a economia europeia “à medida que medidas estruturais são promovidas”. “Devemos redirecionar a atividade para os setores verde e digital o mais rapidamente possível, o que ajudará a aumentar o potencial de crescimento da Europa”, disse a presidente do BC europeu.
Por conta de um modelo financeiro fragmentado, a zona do euro mitigou apenas 20% dos choques à economia da região entre 1999 e 2016, comparado a 60% nos Estados Unidos, citou Lagarde. “Os mercados de capitais integrados estão no cerne da construção de resiliência” econômica, argumentou a dirigente.
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