“Ter um convite para assumir uma seleção que disputará os Jogos Olímpicos em casa é a prova de como elevamos o nome do Brasil internacionalmente. Dirigir a França será um desafio muito grande e eu sou movido a desafios, todos sabem. Ainda tenho muitos anos pela frente fazendo o que mais gosto, que é treinar equipes e desenvolver pessoas”, diz, animado, Bernardinho.
Como sua estreia em quadras europeias deverá ocorrer somente em setembro, após a disputa de Tóquio 2020, Bernardinho segue à frente do Sesc/Flamengo-RJ para dar sequência ao processo de montagem da equipe feminina para a disputa da próxima temporada da Superliga.
Os franceses confiam no currículo vitorioso construído por Bernardinho ao longo de sua trajetória nas quadras. Em 15 anos da era Bernardinho no vôlei masculino, foram quatro medalhas olímpicas (duas de ouro e duas de prata), três Campeonatos Mundiais e oito Ligas Mundiais entre os títulos mais importantes. Antes, com a seleção feminina, ele obteve duas medalhas de bronze, em Atlanta 96 e quatro anos mais tarde nos Jogos de Sydney.
Bernardinho é um treinador incansável nas partidas e nos treinamentos. Busca a perfeição e sabe como montar uma equipe equilibrada na quadra. À frente da seleção brasileira, tanto no masculino quanto no feminino, ele sempre contou com boas safras e alguns atletas acima da média. Na França, que não é uma seleção de primeira linha, terá de encontrar esses jogadores. Defender o time da casa em uma Olimpíada é, de fato, uma marca importante na sua trajetória.
A sintonia de trabalho na seleção brasileira masculina se deu desde sua estreia, ao assumir a equipe em 2001. Naquele mesmo ano, Bernardinho ganhou a Liga Mundial, o Campeonato Sul-Americano e a Copa América. Na temporada seguinte, levou o Brasil ao primeiro título do Campeonato Mundial de sua história. E fez do vôlei um dos esportes mais procurados do país, atrás apenas do futebol.
Comandando atletas do quilate de Giba, Nalbert, Ricardinho e Serginho, levou a seleção masculina do Brasil ao seu segundo ouro olímpico nos Jogos de Atenas, em 2004 (o primeiro ocorreu em 1992, com José Roberto Guimarães como treinador). O seu segundo ouro olímpico veio em 2016, na Olimpíada realizada no Rio, a última que o mundo viu. Ele comandou uma equipe que superou lesões e duas derrotas na primeira fase para buscar o lugar mais alto do pódio. Foi a terceira medalha dourada na história da seleção masculina.
Os ecos de seus feitos no vôlei já tinham se espalhados pelo mundo até chegar com mais interesse na Confederação Francesa de Vôlei, principalmente para um ciclo olímpico, de quatro anos, que vai desaguar em Paris-2024. Nos Jogos Olímpicos de Pequim (2008) e Londres (2012), Bernardinho mais uma vez conseguiu chegar às finais. No entanto, a seleção acabou voltando para casa com a medalha de prata numa decisão dura com o time dos Estados Unidos, então um dos melhores do mundo.
Feliz com essa nova etapa da carreira, o treinador agora espera dar sequência ao seu histórico de conquistas. “Quando olho para a seleção da França e sua evolução hoje, fico muito entusiasmado com a ideia de poder trazer minha experiência na direção de um objetivo único: a medalha de ouro nos Jogos de Paris. É um desafio que nos espera”, afirmou o treinador. Em seu mais recente trabalho, Bernardinho levou o vôlei feminino do Flamengo ao quinto lugar da Superliga, quando acabou eliminado nas quartas de final pelo Sesi-Bauru.
Bernardinho poderá viver outra situação inédita em sua carreira aos 61 anos: ter de enfrentar o Brasil. Nos Mundiais da categoria ou na própria Olimpíada de Paris-2024, ele terá de pensar na possibilidade de um dia cruzar com o time cuja história ajudou a escrever dentro das quadras. Não será fácil para ele.
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