“Vamos buscar novas lideranças e mostrar para população que política feita com equilíbrio, respeito e com trabalho ainda é uma proposta que merece ser apoiada”, diz Richa
O deputado federal Beto Richa, presidente do PSDB do Paraná, adianta nesta entrevista exclusiva à ADI que os diretórios municipais do partido serão reestruturados para as convenções marcadas para agosto. “A democracia brasileira precisa de pluralidade para se consolidar e nós queremos ser uma parcela importante dessa pluralidade”, disse.
“Nas eleições de 2024, o PSDB está disposto a conversar com todas as forças democráticas. Respeitadas as condições locais, vamos buscar o diálogo com os partidos que estiveram dispostos a construir conosco chapas competitivas de candidatos a prefeito, candidatos a vice e candidatos a vereadores”, respondeu quando questionado se os tucanos poderão fazer alianças com partidos da centro-esquerda.
Beto Richa diz que o governador Ratinho Júnior (PSD) tem conseguido avanços importantes na implantação de obras estruturantes. “Muitas delas foram planejadas e garantidas com recursos contratados pela nossa gestão de 2011 a 2018, período que também teve a participação do Ratinho Júnior, que foi o nosso secretário de Desenvolvimento Urbano de 2013 a 2018”.
O que o tucano não perdoa são as ações deletérias do ex-procurador Deltan Dallagnol, deputado federal do Podemos, e do ex-juiz Sérgio Moro, senador do União Brasil, que comprometeram sua eleição ao Senado em 2018. “Há muitos detalhes que ainda vão aparecer nessa longa lista de irregularidades e crimes cometidos pela Lava Jato. Pode esperar. Teremos novidades, mais esclarecedoras ainda num curto espaço de tempo. E é preciso que isso venha a público para que essa gente não continue a enganar a população”.
Beto Richa diz ainda que o PSDB não fará oposição sistemática, mas que o partido não terá alinhamento automático ao governo Lula e que o principal nome tucano para as eleições presidenciais de 2026 é do governador Eduardo Leite (RS).
Leia a seguir, os principais trechos da entrevista.
Como será a reconstrução do PSDB no Paraná e no Brasil?
O PSDB nasceu com uma proposta de equilíbrio, respeito e prática democrática permanente. Nós não arredamos o pé da defesa da democracia que está presente até na nossa sigla. Continuamos acreditando nos ideais e que levaram a fundação do PSDB em 1988 e continuamos trabalhando para ampliar a presença do partido junto à população. Já estamos reorganizando os diretórios municipais e vamos chegar fortes às convenções marcadas para agosto. Este é só o primeiro passo. A democracia brasileira precisa de pluralidade para se consolidar e nós queremos ser uma parcela importante dessa pluralidade.
Como o senhor avalia o governo Ratinho Júnior?
A gestão do governador Ratinho Júnior tem conseguido avanços importantes na implantação de obras estruturantes. Muitas delas foram planejadas e garantidas com recursos contratados pela nossa gestão de 2011 a 2018, período que também teve a participação do Ratinho Junior, que foi o nosso secretário de Desenvolvimento Urbano de 2013 a 2018. Eu sempre costumo repetir que a gestão pública é como uma corrida de revezamento. Para que o êxito seja alcançado, cada corredor ou cada participante tem que fazer a sua parte. Se um não fizer a sua parte, o próximo vai ter que trabalhar dobrado para recuperar um tempo perdido e conquistarmos, obviamente, a vitória. Quem ganha com isso é a cidade, é o estado e é o Brasil. Enfim, e a população que espera que os seus governantes façam a sua parte pelo bem-estar de todos.
Para as eleições de 2024, o PSD pode formar alianças com MDB, PT, PDT, PV e demais partidos da centro-esquerda?
Nas eleições de 2024, o PSDB está disposto a conversar com todas as forças democráticas. Respeitadas as condições locais, vamos buscar o diálogo com os partidos que estiveram dispostos a construir conosco chapas competitivas de candidatos a prefeito, candidatos a vice e candidatos a vereadores
O PSDB terá candidato a prefeito nas principais cidades do Paraná: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel e Foz do Iguaçu?
Sim, vamos buscar o lançamento de candidatos fortes em todas as cidades onde for possível. Em especial atenção logicamente para sete cidades do Paraná que devem ter eleições em dois turnos. Além das citadas na pergunta, São José dos Pinhais também poderá ter eleição em dois turnos
Como o senhor avalia o cenário político do Paraná para 2024?
Eu vejo como uma grande oportunidade o PSDB se reposicionar no cenário político. Vamos buscar novas lideranças e mostrar para população que política feita com equilíbrio, respeito e com trabalho ainda é uma proposta que merece ser apoiada.
E para 2026?
O cenário ainda está um tanto distante e vai depender das definições das eleições municipais em 2024. Mas não dá para sofrer de ansiedade. Eu costumo dizer que eu não sofro de ansiedade, que é um mal que acomete boa parte da classe política. Eu estou muito tranquilo em relação a isso e a minha disposição para o trabalho construtivo do PSDB é permanente e vigorosa.
“Dallagnol buscava balancear as ações que tinha contra o PT, incluindo nas suas narrativas criminosas o PSDB e a mim pessoalmente como se pudesse legitimar as ações que ele patrocinava contra o PT”
O senhor faz questão de citar que as mesmas forças que levaram Bolsonaro à presidência – representadas pelo senador Sérgio Moro (União Brasil) e o deputado federal Deltan Dallagnol (Podemos ) – comprometeram sua eleição a senador em 2018. Foi um projeto de poder já que o senhor representava, na época, a centro- direita?
Eu não tenho a menor dúvida que eles colocaram em prática um projeto de poder, usando e instrumentalizando o sistema judiciário. Isto a cada dia está mais comprovado. Primeiro, tentaram criminalizar a classe política para depois tomarem o lugar das pessoas que eles conseguiram afastar do cenário.
No meu caso, eles nem tentaram disfarçar. Nas conversas do telegram, por exemplo, isso já parecia em 9 de julho de 2015 quando o então procurador Deltan Dallagnol buscava balancear as ações que tinha contra o PT, incluindo nas suas narrativas criminosas o PSDB e a mim pessoalmente como se pudesse legitimar as ações que ele patrocinava contra o PT.
Há muitos detalhes que ainda vão aparecer nessa longa lista de irregularidades e crimes cometidos pela Lava Jato. Pode esperar. Teremos novidades, mais esclarecedoras ainda num curto espaço de tempo. E é preciso que isso venha a público para que essa gente não continue a enganar a população, apontando o seu dedo sujo e podre na direção de quem melhor servir ao seu projeto de poder. Projeto de poder deles. Para eles, a presunção de inocência nunca foi um obstáculo para sua sanha persecutória e o seu projeto de poder.
“Vamos buscar o lançamento de candidatos fortes em todas as cidades onde for possível. Em especial atenção logicamente para sete cidades do Paraná que devem ter eleições em dois turnos”
O senhor fez questão de lembrar da perseguição jurídica na reunião da bancada paranaense na presença de um dos seus algozes, o deputado Deltan Dallagnol, o senhor vai sempre rememorá-lo das injustiças que cometeu?
Como que eu poderia não me indignar com o comportamento dele? Como eu poderia esquecer a narrativa criminosa que ele patrocinou contra mim, contra minha mulher, contra a minha família? Como eu poderia não reagir veementemente à mentira, à calúnia e a continuidade delitiva que ele manifesta em relação a mim. Ele usou a sua condição de procurador, a sua condição de agente público para tentar me destruir, não conseguiu e não vai conseguir. Porque eu estou provando a cada dia, a falsidade das acusações dele. Quem tem telhado é quem compra lojas em shoppings centers em nome de outras pessoas. Quem tem telhado de vidro é quem lucra com a desapropriação milionária do Incra, agora em processo de suspensão. Quem tem telhado de vidro é quem ainda como procurador comprou apartamento em leilão público em nome da mulher quando a lei vetava a sua participação no processo. Mas o casamento não é em comunhão parcial de bens? Então a irregularidade está documentada.
Há uma metáfora em que se diz que as penas espalhadas de um travesseiro são difíceis de juntá-las novamente. É esse seu sentimento em relação às injustiças impostas ao senhor?
Exatamente isso. Mas eu nunca perdi a crença na justiça, que pode demorar um pouco, mas na verdade sempre prevalece. A justiça tem a oportunidade de verificar os dois lados de qualquer denúncia. No caso da Lava Jato, por exemplo, havia apenas um lado, fazendo notícias destruidoras a cada dia, envolvendo procuradores e juízes, atingindo indistintamente culpados e inocentes. É preciso separar o inocente do culpado, separar o joio do trigo, antes que a sanha destruidora de alguns procuradores coloque todas as pessoas na vala comum. É o que que vinha acontecendo, quem posa de herói nem sempre é o que aparenta ser.
Como será a relação do PSDB com o governo Lula?
Em primeiro lugar, nós torcemos para que o Brasil volte a gerar empregos e garanta o fortalecimento das empresas. Em segundo lugar, que as políticas públicas para combater a fome e a miséria sejam consistentes, produzam os resultados esperados pela nossa população. Nós temos divergências históricas com o PT e todo mundo sabe disso, mas não vamos fazer oposição sistemática às iniciativas que visem o bem-estar da população. Nós vamos estudar cada proposta apresentada pelo governo, cada projeto e dar a nossa contribuição para melhorar os resultados pretendidos. Não somos oposição sistemática, não somos oposição destrutiva, mas também não teremos alinhamento automático. Vamos fazer o que for melhor para o Brasil e para todos os brasileiros numa atuação que seja de orgulho a todos os paranaenses.
“Nós temos divergências históricas com o PT e todo mundo sabe disso, mas não vamos fazer oposição sistemática às iniciativas que visem o bem-estar da população”
E como será a sua relação com o governo Lula?
Eu tenho amigos que participam do governo Lula a começar pelo próprio vice-presidente Geraldo Alckmin que já foi do nosso partido, foi governador no mesmo período que eu e temos uma relação de amizade e muito respeito. São relações pessoais que eu prezo muito, independente da questão política. Quando Lula foi presidente lá atrás e eu era prefeito de Curitiba, eu tive a oportunidade de ser recebido algumas vezes pelo presidente, que sempre me tratou muito bem, com cordialidade e com respeito. Eu acredito que agora não vai ser diferente e que as nossas posições serão respeitadas. Eu espero que as reivindicações do Paraná possam ser atendidas pelo presidente.
O PSDB terá candidato ao Governo do Estado e a presidente em 2026?
Como eu disse, 2026 ainda está um tanto distante no horizonte. Mas, vamos trabalhar com muita determinação para que isso aconteça no seu devido tempo. Nós pretendemos lançar candidato e ter um bom desempenho nas eleições
O governador Eduardo Leite (RS) é o nome mais forte do PSDB para 2026?
Eu não tenho nenhuma dúvida, tenho convicção e a vitória nas eleições do governo do Rio Grande do Sul deu a ele novas credenciais dentro do PSDB. Uma vitória emblemática. Prova disso é que o partido já reconheceu o seu peso e o conduziu à presidência do diretório nacional. Mas de forma natural, sem atropelos porque 2026 ainda está muito distante. Mas vamos construir uma candidatura e com certeza o Eduardo Leite é um grande nome para representar o PSDB nessa disputa.
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