Bicentenário da Independência: selos postais homenageiam personalidades históricas

Em continuidade às celebrações dos 200 anos da emancipação brasileira, os Correios lançaram a emissão comemorativa Bicentenário da Independência – Personalidades. Os selos retratam figuras históricas que protagonizaram movimentos importantes para a independência do país. As peças filatélicas ilustram o médico baiano e entusiasta nacionalista Cipriano Barata, o líder da Revolução Pernambucana de 1817 Frei Caneca, o militar afrodescendente Pedro Pedroso, que lutou contra os monarquistas, e a heroína da Pátria Maria Quitéria, figura feminina de enorme importância na Guerra da Independência.

Os selos fazem parte da programação filatélica especial editada pelos Correios em 2022 para celebrar o Bicentenário. As quatro personalidades lembradas atuaram em diferentes lutas pela independência do país.

Cipriano Barata

Nascido em Salvador, Cipriano Barata foi um publicista e político daquela época. Filho de militar português, em 1790 recebe diplomas de habilitação em Medicina, Matemática e Filosofia na Universidade de Coimbra. Em 1820, é eleito deputado para as Cortes de Lisboa, se destacando pela sua ardorosa defesa do constitucionalismo. Por suas “pregações incendiárias”, envolvimento na Conjuração dos Alfaiates e na revolução pernambucana, é preso várias vezes em diferentes províncias do império. Pela constante necessidade de migração, teve sua saúde deteriorada, vivendo em Recife, depois Paraíba e, finalmente, no Rio Grande do Norte. Retirado da política e do publicismo, e dedicado a lecionar francês e a exercer a Medicina, falece em Natal em 1838.

Frei Caneca

O recifense Frei Caneca tomou o hábito carmelita em 1796, tornando-se, a partir daí, Joaquim do Amor Divino. Depois acresce “Caneca” ao seu nome em referência ao ofício do pai, um tanoeiro português. Ordena-se frade em 1801 e em 1803 torna-se professor de retórica, geometria e filosofia. Sua militância política inicia-se na revolução de 1817: naquela ocasião exerce papel de conselheiro do exército republicano. Em 1822 revela entusiasmo com a aclamação de D. Pedro como imperador do Brasil. Contudo, mostra-se desiludido em virtude do fechamento da Assembleia Constituinte em 1823. Caneca acredita, pois, que sem um pacto garantido por uma assembleia livre e soberana jamais se poderia fundar a nova nação no Brasil. Frei Caneca participa de combates no Recife e no interior da província. Contudo, é preso e condenado à pena capital, sendo executado em 1825.

Pedro da Silva Pedroso

Tendo servido nas tropas de primeira linha, o recifense Pedro da Silva Pedroso foi um afrodescendente “pardo” que se assentou praça de soldado e tornou-se capitão do regimento de artilharia. Durante a revolução de 1817, Pedroso teve papel de relevo no plano militar e político na vitória dos republicanos sobre monarquistas constitucionais. Chegou a ser encarcerado e enviado à Bahia e, depois, a Lisboa. Após obter perdão, em 1822, retorna a Pernambuco, participa da deposição da primeira junta de governo e é feito Governador das Armas. Sua demissão gera a insurreição das tropas leais a Pedroso que é enviado preso ao Rio de Janeiro. Ao receber clemência de D. Pedro I, é enviado a debelar a Confederação do Equador, onde alcança a vitória. Em 1831, é um dos militares que pernoita no Campo da Honra para receber a carta de abdicação de Pedro I. Pedro da Silva Pedroso falece no Rio de Janeiro em 1849, aos 79 anos de idade.

Maria Quitéria de Jesus

Sabe-se pouco sobre sua vida pregressa da militar baiana Maria Quitéria de Jesus. Atuou na guerra naquela província, driblou as oposições no meio militar ao seu sexo e alista-se nos exércitos mercenários contratados por D. Pedro I para impor o projeto de independência. Maria Quitéria distingue-se nos combates, recebendo nomeações e reconhecimento do próprio Imperador, que lhe concede soldo vitalício de alferes e um hábito da Imperial Ordem do Cruzeiro. Maria Quitéria falece em Salvador a 1º de agosto de 1853.

Xilogravuras

Os selos que estampam esses personagens icônicos da história nacional, na arte de Cordeiro de Sá, estão emulados digitalmente em Xilogravura. No céu, Cipriano Barata e Frei Caneca, bons jornalistas e formadores de opinião, bradam suas ideias e espalham seus panfletos como nuvens, em meio à revoada de pássaros. Abaixo, no solo, o comandante negro Pedro Pedroso e a mulher que se travestiu de soldado, Maria Quitéria, cerram os punhos e lideram tropas no cenário que mistura campo e cidade. O Nordeste é representado pela cor da terracota, enquanto a diversidade do protagonismo de homens e mulheres, pessoas brancas, negras, indígenas, de várias classes sociais e diferentes culturas, é reforçada pela paleta colorida, nacional e pelos elementos simbólicos decorativos.

Com tiragem de 12 mil blocos e valor facial de 1º Porte da Carta cada selo, esta emissão está à venda na loja virtual e nas principais agências do país.

História em selos

A filatelia brasileira permanece prestigiando e registrando grandes passagens da história e da cultura nacional. Em 2017, os Correios já começaram a recontar os principais fatos históricos que resultaram na independência do país, com 6 emissões anuais da série “Brasil, 200 anos de Independência”, desenvolvida em parceria com a Câmara dos Deputados. Em 2022, a programação filatélica também já colocou em circulação os selos “Bicentenário da Independência – Marca Oficial” e “Bicentenário da Independência – Movimentos Populares” e, agora, a emissão Personalidades. Há previsão de lançamento de outras peças comemorativas no contexto do Bicentenário: Prédios Históricos e Participação dos Correios.Esses selos já estão disponíveis para venda na loja virtual e nas principais agências dos Correios de todo o país.

No Palácio do Planalto, em Brasília/DF, também está aberta ao público a exposição “Bicentenário da Independência em Selos”, que mostra, em 6 painéis, diferentes peças filatélicas lançadas ao longo desses 200 anos, inspiradas na data nacional.

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