“Eu prometo a vocês que essas pessoas vão pagar, haverá uma investigação, haverá consequências”, disse Biden a jornalistas, em sua primeira manifestação pública sobre o caso.
Em uma foto tirada no domingo por um fotógrafo da Agência France-Presse, um guarda de fronteira a cavalo agarra um homem pela camisa no lado americano do Rio Grande, a fronteira natural entre os Estados Unidos e o México, perto da cidade de Del Rio, Texas.
Em outra fotografia, um guarda montado mantém um grupo à distância com longas rédeas de couro, em uma postura ameaçadora, para forçá-los a recuar.
As imagens, que já percorreram o mundo, causaram polêmica nos Estados Unidos. Alguns viram os migrantes assimilados ao gado, outros relembraram os maus-tratos sofridos pelos afro-americanos nas mãos da polícia montada, carcereiros ou proprietários de escravos.
Após a divulgação das imagens, a polícia de fronteira deixará temporariamente de usar agentes a cavalo na pequena cidade de Del Rio, disseram autoridades americanas na quinta-feira, 23.
Questionado se assumia responsabilidade pelo “caos” na fronteira, Biden respondeu que sim. “Claro que assumo. Eu sou o presidente. Foi horrível ver gente sendo tratada dessa maneira”, disse. “É uma vergonha. É muito constrangedor. É perigoso. É errado. Envia a mensagem errada para todos – não somos assim.”
Biden assumiu o cargo em janeiro prometendo reverter o que chamou de políticas desumanas de seu antecessor, o republicano Donald Trump, na fronteira sul.
Mas, oito meses depois, seu governo está sob fortes críticas por como vem lidando com o fluxo recorde de centenas de milhares de imigrantes sem documentos que buscam entrar nos Estados Unidos vindos do México.
Biden é questionado diariamente por republicanos e pela Fox News, que acusam a Casa Branca de perder o controle da fronteira e desistir de garantir a segurança americana.
Os democratas acusam Biden de quebrar suas promessas, sinalizando sua decisão de manter regras rígidas para expulsar migrantes irregulares, algo que a Casa Branca diz ser necessário para evitar a disseminação da covid-19.
Dezenas de milhares de migrantes que viajam para o norte da América Latina, a maioria haitianos, se reúnem há várias semanas nas cidades mexicanas de Tapachula, na fronteira com a Guatemala, e Ciudad Acuña, na fronteira com o Texas, onde vivem em condições insalubres com esperança de realizar o “sonho americano”.
Os Estados Unidos decidiram deportar haitianos em massa na fronteira sul dos Estados Unidos. Mais de 1.400 já foram repatriados de avião, enquanto o pequeno país caribenho está atolado em uma crise política, de segurança e humanitária.
A tensão em torno dessas questões aumentou ainda mais na quinta-feira, com a renúncia do enviado dos EUA ao Haiti, Daniel Foote, que denunciou as expulsões “desumanas”.
O Haiti, o país mais pobre das Américas, é atormentado por instabilidade política e econômica há anos, mas a situação piorou após um recente terremoto e o assassinato do presidente do país, Jovenel Moise, em 7 de julho. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
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