A Bolsa de Valores brasileira, a B3, fechou em forte queda nesta sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025, reagindo à nomeação de Gleisi Hoffmann como nova articuladora política do governo Lula. O Ibovespa, principal índice da B3, recuou 1,60%, encerrando o dia em 122.799,09 pontos. O mercado teme que a postura de Hoffmann contra o ajuste fiscal comprometa a agenda econômica do país, intensificando a cautela dos investidores antes do feriado prolongado de Carnaval.
Impacto da Nomeação de Gleisi Hoffmann
Gleisi Hoffmann, deputada federal e presidente do PT, assume a Secretaria de Relações Institucionais no lugar de Alexandre Padilha, que foi indicado para o Ministério da Saúde após a saída de Nísia Trindade. A escolha gerou reações negativas no mercado financeiro. Segundo Rafael Passos, analista da Ajax Management, “a indicação é vista como ruim, pois concentra ainda mais poder no PT, em um momento em que se esperava uma reforma ministerial com maior participação de partidos da base aliada”. Ele destaca que uma abertura ao centro poderia melhorar a governabilidade e a agenda econômica.
Alexsandro Nishimura, diretor da Nomos, reforça que a nomeação de Hoffmann, conhecida por sua oposição ao ajuste fiscal, agravou a queda do Ibovespa. “A percepção de que ela integra uma ala mais radical do PT preocupa os investidores, que temem dificuldades na implementação de medidas econômicas essenciais”, explica. Para Gustavo Jesus, da RGW Investimentos, o perfil combativo de Hoffmann pode dificultar a articulação política necessária ao cargo, aumentando as incertezas no mercado.
Cautela Pré-Carnaval e Desempenho do Ibovespa
Além da nomeação, a proximidade do feriado de Carnaval contribuiu para a cautela dos investidores. A Bolsa ficará fechada nos dias 3 e 4 de março, reabrindo apenas na Quarta-Feira de Cinzas, após as 13h, com pré-abertura às 12h45. Das 87 ações do Ibovespa, apenas oito registraram alta. Na semana, o índice caiu 3,40%, acumulando perdas de 2,64% no mês. O giro financeiro atingiu R$ 35,9 bilhões, enquanto o Ibovespa futuro para abril recuou 1,49%, a 124.640 pontos.
Rubens Cittadin, da Manchester Investimentos, aponta que commodities como minério de ferro e petróleo, que impactam Vale e Petrobras, também pressionaram o índice. “O mercado está cauteloso antes do feriado prolongado, com investidores evitando posições arriscadas”, observa.
Dólar e Juros em Alta
No mercado de câmbio, o dólar subiu 1,47%, fechando a R$ 5,9153, refletindo a instabilidade política. Na semana, a alta foi de 3,25%, e no mês, de 1,37%. As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também avançaram. Por volta das 16h38, o DI para janeiro de 2026 subiu de 14,810% para 14,965%, enquanto o DI para janeiro de 2029 foi a 15,040%, ante 14,810%. Esses movimentos indicam expectativas de juros mais altos para conter a depreciação do real.
Contexto Internacional e Perspectivas Pós-Carnaval
Em contraste, os índices americanos fecharam em alta: o Dow Jones subiu 1,39% (43.840,91 pontos), o Nasdaq 100 avançou 1,63% (18.847,3 pontos) e o S&P 500 cresceu 1,58% (5.954,50 pontos). O índice PCE dos EUA, divulgado hoje, subiu 0,3% em janeiro, mas não impactou significativamente os mercados. Contudo, Cittadin alerta para os efeitos das tarifas de Trump, que entram em vigor em 4 de março, podendo elevar a inflação global e pressionar o Brasil com menor entrada de capital estrangeiro.
Após o Carnaval, o foco do mercado se voltará aos balanços do quarto trimestre de 2024 das empresas listadas na Bolsa e às questões fiscais no Congresso. Para Bruno Komura, da Potenza Capital, “a reforma ministerial deveria refletir a composição do Congresso para garantir governabilidade, mas nomeações como a de Gleisi Hoffmann não favorecem esse cenário”.
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