A Bolsa de Valores brasileira fechou em queda, influenciada pela guerra comercial entre Estados Unidos e China, além da forte desvalorização da Petrobras. O Ibovespa, principal índice da B3, recuou 1,12%, atingindo 126.354,75 pontos, após oscilar entre a máxima de 127.796,75 pontos e a mínima de 124.894,76 pontos. O volume financeiro negociado alcançou R$ 25,8 bilhões. Enquanto isso, o Ibovespa futuro com vencimento em abril caiu 0,65%, fechando a 126.725 pontos.
As barreiras comerciais entre as duas maiores economias do mundo continuam a pressionar os mercados globais. A recente elevação de tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses, de 125% para 145%, intensificou o conflito comercial, impactando ativos ligados a commodities. Segundo Ricardo Leite, head de renda variável da Diagrama Investimentos, o mercado está assimilando o aumento da produção de petróleo anunciado pela Arábia Saudita, que pode redefinir os preços globais. Ele destaca que ativos cíclicos, como os da Vale, têm segurado o índice, evitando uma queda ainda maior.
A Petrobras (PETR3 e PETR4) registrou quedas expressivas de 6,49% e 6,21%, respectivamente, acompanhando a desvalorização do petróleo no mercado internacional. Por outro lado, a Vale (VALE3) apresentou alta de 1,79%, impulsionada pela recomendação de “compra” do Bank of America, que ajustou a classificação do papel de “neutra” para positiva. Esses movimentos refletem a volatilidade no setor de commodities, diretamente afetado pelo cenário global.
Análise do Mercado
Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, considera a queda do Ibovespa um movimento natural após a forte reversão observada no pregão anterior, influenciada por decisões de política comercial de Donald Trump. Apesar do recuo da Casa Branca em algumas medidas, Spiess alerta que a guerra comercial permanece “vibrante”, com impactos prolongados. Ele prevê volatilidade no curto prazo, com possíveis choques inflacionários e reprecificação de lucros corporativos, especialmente nos Estados Unidos.
No mercado americano, os índices também fecharam em baixa. Confira a variação:
- Dow Jones: -2,50%, 38.593,66 pontos
- Nasdaq 100: -4,31%, 16.387,31 pontos
- S&P 500: -3,46%, 5.268,05 pontos
Inflação nos EUA e Expectativas do Fed
O índice de preços ao consumidor (CPI) dos Estados Unidos caiu 0,1% em março, contra a expectativa de alta de 0,1%. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avalia o dado como positivo, aproximando-se da meta de inflação de 2%. A redução nos preços de combustíveis, como o petróleo, contribuiu para o resultado. No entanto, o mercado não espera cortes imediatos de juros pelo Federal Reserve, com possíveis pressões inflacionárias em abril devido às tarifas comerciais.
Dólar e Juros no Brasil
No mercado de câmbio, o dólar comercial subiu 0,91%, cotado a R$ 5,8978, refletindo as tensões comerciais e o enfraquecimento de moedas emergentes. Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, aponta que o real e outras divisas latino-americanas sofrem com o temor de impactos econômicos das tarifas americanas. Leonardo Santana, da Top Gain, observa que a China enfraquecida pressiona moedas ligadas a commodities, como o real.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) também avançaram, sinalizando uma economia brasileira aquecida. Às 16h44, os números eram:
- DI janeiro/2026: 14,790% (de 14,805%)
- DI janeiro/2027: 14,520% (de 14,475%)
- DI janeiro/2028: 14,375% (de 14,335%)
- DI janeiro/2029: 14,455% (de 14,350%)
Bruno Komura, da Potenza Capital, destaca que a percepção de insegurança na economia americana, agravada pela guerra tarifária, tem fortalecido o dólar frente a moedas emergentes. No entanto, Ricardo Leite acredita que novas retaliações entre EUA e China são improváveis, sugerindo que as negociações podem avançar para reduzir a quebra de confiança.
Os pedidos de seguro-desemprego nos EUA subiram 4 mil, totalizando 223 mil, dentro das expectativas do mercado. Esses dados, combinados com a volatilidade global, reforçam a cautela dos investidores no curto prazo.
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