
O Ibovespa terminou o último pregão de agosto em alta de 0,26%, aos 141.422 pontos, após bater máxima intradiária de 142.378,69 pontos. O índice da bolsa acumulou valorização de 2,50% na semana e encerrou o mês com avanço de 6,3%, marcando a quarta semana consecutiva de ganhos.
A performance foi impulsionada pelo bom desempenho de Petrobras (PETR3 +0,80% e PETR4 +0,54%), Vale (VALE3 +0,28%) e ações do setor de consumo, como Magazine Luiza (MGLU3 +4,46%). O giro financeiro da sessão foi de R$ 22,9 bilhões.
Influência externa: PCE e juros nos EUA
A alta foi sustentada pela expectativa de corte de juros nos Estados Unidos, após a divulgação da inflação PCE de julho dentro do consenso do mercado. O índice avançou 0,2% no mês e 2,6% no acumulado em 12 meses, enquanto o núcleo subiu 0,3% mensal e 2,9% anual.
Segundo analistas, os dados reforçam as apostas de que o Federal Reserve (Fed) pode iniciar a redução de juros já em setembro.
Expectativas do mercado
Para Gabriel Cecco, da Valor Investimentos, o índice pode testar os 143,9 mil a 146,8 mil pontos, com possibilidade de chegar aos 150 mil no longo prazo. Já Rodrigo Moliterno, da Veedha Investimentos, destacou que o movimento de alta vem acompanhado de cautela diante das tensões comerciais entre Brasil e EUA e da possível aplicação da Lei de Reciprocidade Econômica.
O operador Thiago Lourenço, da Manchester Investimentos, apontou que o mercado segue atrativo:
“O Ibovespa não está caro, tem fluxo positivo e pode buscar entre 142 mil e 145 mil pontos no curto prazo. Para o fim do ano, é factível chegar a 147 mil pontos.”
Política e eleições entram no radar
A cautela também é alimentada pelo cenário político. Uma pesquisa da Atlas Intel/Bloomberg mostrou que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), venceria o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em eventual segundo turno, por 48,4% a 46,6%.
Analistas avaliam que o mercado vê com bons olhos a possibilidade de Tarcísio se consolidar como candidato competitivo em 2026, especialmente diante da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Câmbio e juros futuros
No mercado de câmbio, o dólar subiu 0,29%, cotado a R$ 5,4219. Apesar da leve alta no dia, a moeda acumulou queda de 0,06% na semana e de 3,18% em agosto.
De acordo com o economista Lucas Brigato, da Ethimos Investimentos, o ruído político entre Brasil e EUA limita movimentos mais fortes da moeda. “É difícil o dólar romper os R$ 5,40 sem um driver mais robusto”, avaliou.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam próximas da estabilidade:
- DI jan/2026: 14,885% (de 14,890%);
- DI jan/2027: 13,965% (de 13,970%);
- DI jan/2028: 13,275% (de 13,280%);
- DI jan/2029: 13,205% (de 13,180%).
Wall Street em queda
Nos Estados Unidos, os índices de Nova York fecharam no vermelho, com realização de lucros após recordes recentes e dados de inflação ainda elevados:
- Dow Jones: -0,20%, aos 45.544,88 pontos
- Nasdaq 100: -1,15%, aos 21.455,55 pontos
- S&P 500: -0,64%, aos 6.460,26 pontos
O recuo ocorreu após uma semana marcada pelos fortes resultados da Nvidia e expectativas para os próximos indicadores, em especial o payroll, que será divulgado em 5 de setembro e pode indicar se o Fed cortará os juros duas ou três vezes até o fim do ano.
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