A Bolsa brasileira (B3) encerrou a sessão desta terça-feira (23) em alta, renovando máxima histórica no intradiário (147.178,47 pontos) e no fechamento. O Ibovespa avançou 0,90%, aos 146.424 pontos, impulsionado pela sinalização de uma aproximação entre Donald Trump e o presidente Lula durante a Assembleia Geral da ONU.
No mesmo horário, o Ibovespa futuro com vencimento em outubro subia 0,95%, aos 147.640 pontos. O giro financeiro foi de R$ 20,3 bilhões.
Das 84 ações da carteira teórica, apenas 20 caíram. Entre as altas, destaque para a RaiaDrogasil (RADL3), que avançou 3,91%. Petrobras (PETR3 e PETR4) subiu 2,64% e 1,68%, enquanto os bancos também registraram ganhos. Na ponta negativa, a MBRF3, resultado da fusão entre Marfrig e BRF, estreou em queda de 6,72%.
Impacto das falas políticas no mercado
O mercado reagiu ao gesto de Trump, que indicou ter “excelente química” com Lula e confirmou a possibilidade de encontro na próxima semana. Para analistas, esse movimento reduziu a percepção de risco diplomático.
- Ubirajara Silva, gestor de renda variável, avaliou que a fala foi surpreendente: “O mercado gostou bastante. A impressão era que Trump poderia estragar a festa, mas sua declaração ajudou muito”.
- José Áureo Viana, sócio da Blue3 Investimentos, disse que o gatilho para a alta veio do noticiário político internacional: “A combinação das falas de Lula e Trump ajudou a reforçar a percepção de estabilidade institucional no curto prazo”.
- Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destacou que o aceno pode aliviar tarifas de 50% aplicadas aos produtos brasileiros: “Lula sai forte porque não recuou, e quem teve de recuar foi Trump”.
Selic, Copom e cenário fiscal
Mais cedo, a ata do Copom marcou o início do pregão com tom mais duro, afastando expectativas de cortes imediatos da Selic, hoje em 15% ao ano. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a criticar o nível atual dos juros, mas ressaltou a importância de manter a inflação dentro da meta.
Para Patrick Buss, operador da Manchester Investimentos, a expectativa de futuros cortes de juros, somada ao desempenho de Petrobras e bancos, sustentou a alta do índice. Já a SulAmérica Investimentos avaliou que a ata trouxe sinais de melhora econômica, mas sem detalhar revisões no hiato do produto, tema que deve aparecer no Relatório de Política Monetária desta quinta-feira (25).
Câmbio e juros futuros
O dólar comercial caiu 1,11%, cotado a R$ 5,2775, em meio ao forte fluxo estrangeiro e ao impacto das declarações de Trump. No mercado de juros futuros, as taxas de Depósitos Interfinanceiros (DIs) recuaram:
- DI jan/2026: 14,890% (de 14,895%)
- DI jan/2027: 13,985% (de 14,050%)
- DI jan/2028: 13,225% (de 13,355%)
- DI jan/2029: 13,130% (de 13,260%)
Segundo Bruno Komura, analista da Potenza Capital, além do fluxo externo, o mercado precifica a possibilidade de mais dois cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed) ainda em 2025.
Bolsas americanas em queda
Enquanto o Brasil renovava máximas, as principais bolsas dos Estados Unidos fecharam em queda, interrompendo o ciclo recente de ganhos diante das incertezas sobre a sustentabilidade da alta puxada pela inteligência artificial:
- Dow Jones: -0,19%, 46.292,78 pontos
- Nasdaq 100: -0,95%, 22.573,47 pontos
- S&P 500: -0,55%, 6.656,92 pontos