Bolsa fecha em leve alta com cautela sobre Lei Magnitsky

A Bolsa de Valores de São Paulo (B3) encerrou o pregão desta quarta-feira (20) em leve alta, refletindo a volatilidade dos mercados diante das incertezas sobre a aplicação da Lei Magnitsky e a expectativa pelo simpósio de Jackson Hole, nos Estados Unidos. O Ibovespa avançou 0,17%, aos 134.666,46 pontos, após oscilar entre a máxima de 134.963,84 pontos e a mínima de 134.121,67 pontos. O volume financeiro somou R$ 15,9 bilhões.

O setor bancário apresentou desempenho misto. As ações do Itaú (ITUB4) subiram 0,05%, enquanto Bradesco (BBDC3 e BBDC4) avançou 0,44% e 0,31%, respectivamente. O Banco do Brasil (BBAS3) registrou alta de 0,30%, e o BTG Pactual (BPAC11) recuou 1,10%.

No mercado futuro, o Ibovespa com vencimento em outubro subia 0,60% às 17h18, aos 137.280 pontos. Em Nova York, os índices encerraram em direções opostas: Dow Jones avançou 0,04% (44.938,31 pontos), Nasdaq 100 caiu 0,67% (21.172,85 pontos) e o S&P 500 recuou 0,24% (6.395,78 pontos).

Cautela com STF e Jackson Hole

As declarações do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), aumentaram a tensão no mercado. Em entrevista à Reuters, Moraes afirmou que instituições financeiras brasileiras poderão ser punidas caso bloqueiem ativos nacionais para cumprir ordens dos Estados Unidos. A medida é consequência das sanções impostas pelo governo norte-americano, que incluíram o próprio ministro.

Analistas destacam que a insegurança jurídica gerada pela decisão de Flávio Dino sobre a Lei Magnitsky tem pressionado o mercado. Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, afirmou que “ainda há muita dúvida sobre o que os bancos vão fazer”. Já Bruno Komura, da Potenza Capital, ressaltou que “a Bolsa tentou melhorar, mas piorou após as falas de Moraes”.

Para Marcos Weight, head de tesouraria da Travelex Brasil, “se essa situação escalar, teremos grandes efeitos sobre os bancos brasileiros e a economia”. Sidney Lima, da Ouro Preto Investimentos, reforçou o clima de cautela e destacou que os investidores aguardam sinais do Federal Reserve em Jackson Hole, especialmente sobre possíveis cortes de juros.

Dólar e juros futuros

No câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,51%, a R$ 5,4719. O dólar futuro para setembro recuava 0,50%, cotado a R$ 5.487,50. O Dollar Index, que compara a moeda americana a uma cesta de divisas, recuava 0,01%, a 98,25 pontos.

Segundo Luiz Antonio Junior, da Valor Investimentos, o movimento refletiu correção após a alta da véspera, somado à expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos. Paula Zogbi, estrategista-chefe da Nomad, destacou que a ata do Fed divulgada hoje mostrou um comitê dividido e ainda atento à inflação e ao mercado de trabalho.

No mercado de juros futuros, os contratos de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em queda. O DI para janeiro de 2026 encerrou a 14,91%; janeiro de 2027 recuou para 14,035%; janeiro de 2028 caiu a 13,360%; e janeiro de 2029 fechou a 13,335%.

A expectativa agora se concentra no discurso de Jerome Powell, presidente do Fed, que falará na sexta-feira (22) em Jackson Hole. O mercado busca pistas sobre a trajetória dos juros nos Estados Unidos, fator que deve impactar ativos globais, especialmente em economias emergentes como o Brasil.

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