Bolsa fecha em queda após ata do FOMC e cenário político instável

A Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão desta quarta-feira (data) em queda de 0,95%, aos 127.308,80 pontos, refletindo a cautela do mercado após a divulgação da ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), do Federal Reserve (Fed), e as incertezas políticas domésticas. O Ibovespa futuro, com vencimento em abril, também recuou 0,96%, atingindo 129.500 pontos. O giro financeiro somou R$ 14,9 bilhões.

Ata do FOMC Indica Postura Mais Conservadora

O documento divulgado pelo Fed revelou um tom mais hawkish, sinalizando que o banco central dos EUA deve manter os juros elevados em meio às incertezas econômicas globais. Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura Investimentos, destacou que “alguns diretores levantaram dúvidas sobre o progresso da desinflação, indicando a necessidade de mais sinais positivos antes de novos cortes de juros”.

A ata também trouxe projeções econômicas importantes:

  1. Atividade Econômica: O comitê espera o fechamento do hiato do produto até o início de 2025, com a taxa de desemprego se aproximando do nível natural.
  2. Inflação: As projeções se mantêm alinhadas ao cenário de dezembro, incorporando os impactos da política tarifária do governo Trump.
  3. Incertezas: O FOMC avaliou que os riscos para a inflação permanecem assimétricos para cima, enquanto os riscos para atividade e mercado de trabalho estão balanceados.

Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, comentou que “a ata enfatizou a necessidade de progressos adicionais na inflação antes de considerar cortes nas taxas de juros, adotando um tom cauteloso sobre a calibragem da política monetária”.

Cenário Econômico Global e Nacional

Além da ata do FOMC, outros fatores impactaram o mercado:

  • Construção nos EUA: Os dados sobre construções de moradias caíram 9,8% em janeiro em relação a dezembro, acima da expectativa de retração de 6,6%, sinalizando fraqueza no setor imobiliário americano.
  • Desempenho Corporativo: Na bolsa, as ações de Carrefour Brasil (CRFB3), Pão de Açúcar (PCAR3) e Iguatemi (IGTI11) registraram quedas de 2%, 7,16% e 3,09%, respectivamente, após a divulgação dos balanços do quarto trimestre de 2024.
  • Resultados Pós-Fechamento: O mercado aguardava os resultados de empresas como Vale, Banco do Brasil, Gerdau, Metalúrgica Gerdau e Assaí, divulgados após o fechamento.

No mercado internacional, os principais índices de ações dos Estados Unidos encerraram o dia em alta, apesar da cautela:

  • Dow Jones: +0,16%, aos 44.627,59 pontos
  • Nasdaq 100: +0,07%, aos 20.056,3 pontos
  • S&P 500: +0,23%, aos 6.144,15 pontos

Tensão Política no Brasil Impacta o Mercado

No cenário doméstico, as denúncias apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e 33 aliados por tentativa de golpe de Estado geraram volatilidade na bolsa de valores. A denúncia ainda precisa ser aceita pelo STF para que uma ação penal seja iniciada.

Alison Correia, analista da Dom Investimentos, comentou que “a situação política deve gerar forte repercussão no mercado, especialmente considerando as eleições presidenciais de 2026”. A Levante Investimentos também destacou que “o caso ainda passará por várias etapas processuais antes de qualquer condenação, mas a instabilidade política já influencia o ambiente econômico”.

Dólar e Juros Futuros em Alta

O dólar comercial fechou em alta de 0,65%, cotado a R$ 5,7256, impulsionado pela cautela dos investidores diante do cenário global e doméstico. Segundo Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, “o dólar ainda é visto como ativo de proteção frente às incertezas envolvendo o governo Trump e o cenário político brasileiro”.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta, refletindo o impacto da ata do FOMC:

  • DI para janeiro de 2026: 14,690% (ante 14,70%)
  • DI para janeiro de 2027: 14,680% (ante 14,580%)
  • DI para janeiro de 2028: 14,505% (ante 14,370%)
  • DI para janeiro de 2029: 14,475% (ante 14,305%)

Perspectivas para o Mercado

O cenário atual sugere maior volatilidade no mercado financeiro, com investidores atentos às decisões do Fed, às políticas econômicas do governo Trump e aos desdobramentos políticos no Brasil. A combinação de fatores internos e externos deverá continuar influenciando o câmbio, a bolsa de valores e as expectativas de crescimento econômico.




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