A Bolsa de Valores brasileira encerrou o pregão desta sexta-feira (28) em queda, acompanhando o pessimismo dos mercados internacionais. O Ibovespa perdeu 0,93%, fechando aos 131.902,18 pontos, impactado pelo índice de preços PCE nos Estados Unidos e pela expectativa em relação às tarifas comerciais de Donald Trump. Na semana, o principal índice da B3 acumulou uma desvalorização de 0,33%.
O Ibovespa futuro, com vencimento em abril, recuou 0,84%, atingindo 132.635 pontos. O volume financeiro negociado foi de R$ 18,2 bilhões. Nos Estados Unidos, os índices acionários também fecharam em forte baixa: o Dow Jones caiu 1,69%, o Nasdaq 100 perdeu 2,70% e o S&P 500 recuou 1,97%.
Dados do Caged minimizam perdas da Bolsa
Apesar do cenário externo adverso, os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ajudaram a reduzir as perdas no mercado brasileiro. O Brasil criou 431.995 empregos formais em fevereiro, superando as projeções de mercado. O indicador resultou de 2.579.192 admissões e 2.147.197 desligamentos, demonstrando resiliência da atividade econômica.
Segundo Felipe SantAnna, especialista em mercado financeiro, a divulgação do Caged impulsionou uma recuperação intradiária no Ibovespa, com ganhos expressivos em Petrobras e Vale. “O mercado iniciou o dia pressionado pelas bolsas de Nova York, mas o fluxo comprador aumentou após os dados positivos de emprego”, explicou.
Impacto da inflação nos EUA e a Bolsa brasileira
Nos Estados Unidos, o índice de preços PCE, principal referência de inflação para o Federal Reserve, subiu 0,3% em fevereiro na base mensal, conforme esperado. No entanto, o núcleo do indicador teve alta de 0,4%, acima da projeção de 0,3%, o que elevou a cautela dos investidores sobre a condução da política monetária americana.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, destacou que a pressão inflacionária pode postergar os cortes de juros pelo Federal Reserve. “O mercado também está atento ao dia 2 de abril, quando poderá haver definição sobre as tarifas comerciais prometidas por Trump”, afirmou.
Alexsandro Nishimura, economista e diretor da Nomos, acrescentou que a queda da Bolsa seguiu o desempenho negativo dos mercados globais. “A divulgação do Caged ajudou a amenizar as perdas, mas a preocupação com a inflação nos EUA e o risco de novas tarifas mantiveram o mercado pressionado”, pontuou.
Dólar e juros futuros
No mercado de câmbio, o dólar comercial encerrou o pregão em leve alta de 0,05%, cotado a R$ 5,7609, acompanhando a aversão global ao risco. Na semana, a moeda acumulou uma valorização de 0,79%.
Bruno Komura, analista da Potenza Capital, observou que, apesar do ambiente de risco, o real se manteve relativamente estável comparado a outras moedas emergentes. “Os dados do Caged indicam uma economia aquecida, o que pode influenciar a decisão do Banco Central sobre a Selic”, ressaltou.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) encerraram o dia em movimento misto. O DI para janeiro de 2026 ficou em 15,10%, enquanto o contrato para janeiro de 2029 foi negociado a 14,775%.
Perspectivas para o mercado
Nicolas Farto, sócio e head de renda variável da Vértiq Invest, afirmou que, apesar da queda do Ibovespa, o fluxo de capital estrangeiro segue positivo. “O PCE desencadeou um movimento de realização, mas ainda não há sinais de reversão de tendência”, comentou.
A atenção dos investidores agora se volta para os próximos desdobramentos da política monetária americana e os impactos das possíveis tarifas comerciais. Além disso, o comportamento da inflação no Brasil e as expectativas para a Selic seguirão no radar do mercado.
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