
A Bolsa brasileira encerrou o pregão desta segunda-feira (15) em leve queda de 0,03%, praticamente estável, aos 135.250,10 pontos, em um dia marcado por forte volatilidade. Mesmo com o movimento de ajustes, o Ibovespa conseguiu se manter no patamar dos 135 mil pontos, refletindo as incertezas sobre as negociações entre o governo brasileiro e o empresariado em torno do tarifaço imposto pelos Estados Unidos.
Durante o dia, representantes do setor produtivo participaram de reuniões com o governo federal e pediram a prorrogação do início da nova taxação anunciada pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Mais cedo, Trump voltou a defender o ex-presidente Jair Bolsonaro e reiterou as tarifas, o que manteve o tema no centro das atenções do mercado.
Entre as ações de maior peso no índice da bolsa, Vale (VALE3) recuou 2,61% e Petrobras PN (PETR4) caiu 0,77%, acompanhando a desvalorização das commodities no cenário internacional. Em contrapartida, os bancos registraram alta: Itaú (ITUB4) subiu 0,34% e Banco do Brasil (BBAS3) avançou 1,06%. As varejistas também tiveram desempenho positivo.
O volume financeiro negociado foi de R$ 17,7 bilhões. No mercado futuro, o Ibovespa com vencimento em agosto recuava 0,02%, aos 136.725 pontos, por volta das 17h14.
Felipe SantAnna, especialista do grupo Axia Investing, explicou que a bolsa ganhou fôlego à tarde diante de sinais de que o governo brasileiro poderia negociar prazos com os EUA. “O Alckmin sinalizou essa negociação. O mercado esperava uma postura mais dura. Mesmo assim, o fluxo foi baixo, mercado lento em vários momentos, nem o CPI nos EUA fez preço aqui”, afirmou.
Para Diego Faust, operador da Manchester Investimentos, o tarifaço segue como principal tema para os investidores. “A incerteza sobre as tarifas de Trump e como serão as negociações segue no foco. A questão fiscal ainda não está resolvida, mas o tarifaço faz todo mundo sentar para conversar, o que é positivo para a bolsa. O fluxo está saindo da B3. A melhora da popularidade do presidente Lula também influencia”, disse.
Faust também destacou o câmbio como um fator importante: “O dólar tem se enfraquecido frente a outras moedas globais. O real se valorizou muito, trazendo alívio inflacionário, o que é importante para o Banco Central. A tarifa desfavorece o dólar, o que acaba favorecendo o Brasil”.
Dólar e juros futuros
No mercado de câmbio, o dólar comercial fechou em queda de 0,48%, cotado a R$ 5,5586. A divisa refletiu ao longo do dia as incertezas sobre o IOF e o impacto das tarifas norte-americanas.
Leonardo Santana, sócio da Top Gain, avaliou que o cenário ainda é otimista. “Há projeção de corte de juros aqui e nos EUA. Embora não haja nada concreto, deve haver algum acordo sobre o IOF e as tarifas de Trump”, afirmou.
As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DIs) fecharam em alta, acompanhando a percepção de melhora política para o governo Lula:
- DI jan/26: 14,940% (estável)
- DI jan/27: 14,365% (de 14,285%)
- DI jan/28: 13,755% (de 13,570%)
- DI jan/29: 13,640% (de 13,470%)
Inflação nos EUA e Federal Reserve
Mais cedo, o Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos Estados Unidos referente a junho foi divulgado em linha com as expectativas, com alta de 0,3% no mês e de 2,7% em 12 meses. Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, avaliou que o dado mantém o Federal Reserve em postura cautelosa: “O índice já reflete, mas não completamente, os efeitos das novas tarifas comerciais. Os impactos devem ser sentidos mais à frente. Vemos espaço limitado para cortes de juros antes do fim de 2025”.
Mercados em Nova York
Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam sem direção única, pressionados por preocupações com a inflação e resultados mistos dos grandes bancos. O Nasdaq se destacou positivamente, impulsionado pelas ações da Nvidia.
Fechamento nos EUA:
- Dow Jones: -0,98%, aos 44.023,29 pontos
- Nasdaq 100: +0,18%, aos 20.677,80 pontos
- S&P 500: -0,40%, aos 6.243,76 pontos
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