“Tentei, estou tentado, um partido que eu possa chamar de meu, e possa realmente, se for disputar a presidência, ter o domínio do partido. Está difícil, quase impossível. Então o PP passa a ser uma possibilidade de filiação nossa. Faz parte da regra do jogo”, declarou o presidente em entrevista à Rádio Grande FM, admitindo que em um cenário ideal, ele concorreria de forma independente à presidência.
A aproximação de Bolsonaro com o Progressistas têm aumentado desde que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) teve sua nomeação anunciada para assumir o Ministério da Casa Civil. A oficialização do senador na Pasta deve ocorrer na segunda-feira, quando o parlamentar retorna do recesso e terá encontro com o presidente, em que Bolsonaro afirmou que irá falar quais serão os “limites” de Nogueira e fazer essa proposta para ele. De acordo com Bolsonaro, a medida provisória para sua nomeação está pronta, mas só irá oficializar Nogueira após esta conversa.
Réu na Lava-Jato, o senador é representante do chamado ‘centrão’, ala mais fisiológica da política nacional e tem o controle sobre a máquina partidária do PP. Sua nomeação à Casa Civil faz parte da estratégia do governo para ampliar a base de apoio no Congresso, onde a sigla tem dez representantes, na Câmara, e sete no Senado. De acordo com Bolsonaro, a indicação de Nogueira é para tornar o governo mais proativo, “para a gente aprovar nossas propostas”.
Alvo de críticas pela aproximação do governo com o bloco, que tanto Bolsonaro quanto sua base de governo criticaram durante a campanha eleitoral, o chefe do Executivo voltou a diminuir o caso e afirmar que ‘centrão’ é um nome pejorativo, e que ele mesmo integrou o bloco no passado. “Eu fui do PP por aproximadamente 20 anos”, disse.
Bolsonaro também declarou que é obrigado a se aproximar dos partidos de centro para manter sua governabilidade. Segundo ele, os partidos de centro têm cerca de 200 parlamentares, e que se ele “aleijar” esses deputados, ele fica apenas com 300 para negociar. “Desses 300 que sobram, tem metade que é do PT, PCdoB, PSOL, Rede, Cidadania, que não tem realmente nada em afinidade conosco e sempre votaram contra gente”. Segundo os cálculos de Bolsonaro, sem os partidos de Centro e os de oposição, ele ficaria com apenas 150 deputados. “Com 150 eu não faço nada”.
Em resposta às críticas pela aproximação com o Progressistas e com os partidos de centro, Bolsonaro disparou: “Se alguém tem alguma bronca contra qualquer parlamentar, não se esqueçam que foram vocês que colocaram”. “Eu busco sempre uma maneira de melhor administrar o Brasil sem conflito. Eu sou taxado de uma pessoa violenta, agressiva, não tem nada disso”, concluiu.
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