Flori Antonio Tasca
Um programa de intervenção para reduzir a incidência de bullying conseguiu bons resultados em uma escola de Portugal. A ação foi conduzida por Ermelinda Macedo, Fátima Martins, João Cainé, João Macedo e Rui Novais, que descreveram os resultados da intervenção no artigo “Bullying escolar e avaliação de um programa de intervenção”, publicado no ano de 2014 pela “Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental”.
Inicialmente, os pesquisadores entenderam que o fato de o bullying ser um fenômeno grupal sugere que os programas de intervenção também o sejam, de maneira que devem ser dirigidos mais aos grupos, escolas e turmas do que aos indivíduos. Como o bullying pode se manifestar sob diferentes formas, as estratégias de intervenção ou prevenção devem levar em consideração o tipo de bullying que pretendam prevenir ou erradicar.
Em função disso, foi feita uma avaliação inicial da dimensão do fenômeno na escola escolhida para o estudo e só então se elaborou uma proposta de intervenção. Uma das ações foi direcionada aos pais e responsáveis, bem como aos assistentes operacionais, no sentido de lhes dar conhecimento e sensibilizá-los a respeito do projeto. Houve uma oficina de formação para 20 professores, na qual foi promovida uma discussão sobre o bullying e foram desenvolvidas estratégias para lidar com o problema. Com o término da oficina, os professores puderam aplicar essas estratégias dentro da sala de aula.
Depois da ação dos professores, foi possível comparar os resultados de antes e depois da implementação do projeto de intervenção. A porcentagem dos estudantes que afirmou ter sido vítima de bullying em algum momento caiu de 14,6% para 10,7%. O número de estudantes que assumiram comportamentos de agressividade também regrediu, assim como aumentou o dos que relataram nunca ter cometido agressão verbal nos últimos dois meses. O bullying verbal era justamente o fenômeno mais comum na escola.
Houve, igualmente, uma tendência de aumento dos estudantes que relataram nunca ter sido vítimas de bullying nos últimos dois meses em todas as dimensões analisadas (física, verbal, social e sexual). A diminuição do bullying parece ter sido consequência do programa de intervenção e das atividades desenvolvidas. Principalmente porque na oficina de formação dos professores foram enfatizados vários aspectos da comunicação interpessoal, assim como estratégias de comunicação e competências sociais.
Os autores observaram que a avaliação de alteração de comportamentos exige um processo de mudança contínuo e prolongado, de modo que novas avaliações serão necessárias no futuro. Eles consideraram pertinente que o tema do bullying contasse no programa educativo da escola e ressaltaram que o programa exige continuidade. O que se conseguiu com ele, no entanto, já teve implicações importantes para as práticas pedagógicas que promovem a saúde, principalmente a mental, dos alunos. Reforça-se que os programas de prevenção ao bullying devem envolver toda a comunidade escolar.
Educador, Filósofo e Jurista. Diretor do Instituto Flamma – Educação Corporativa. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná. fa.tasca@tascaadvogados.adv.br
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