Cidades da mesma região de Botucatu que não tiveram vacinação em massa registraram aumento de casos no período considerado. Em Avaré, cidade vizinha de 92 mil habitantes, a média diária subiu de 50,2 casos, na semana de 6 a 12 de junho, para 67,5 no período de 13 a 19. Em Bauru, cidade sede regional, a média diária semanal subiu de 307,1 casos para 324,8, considerando as mesmas semanas.
Números do governo estadual indicam que, ao contrário do que aconteceu em Botucatu, no Estado, os casos positivos de covid-19, aumentaram no mesmo período. Na semana de 6 a 12 de junho, a média móvel foi de 13.482 casos (94.370 nos sete dias). Na semana de 13 a 19, enquanto Botucatu, registrava queda, a média móvel do Estado subia para 17.661 casos diários (123.633 na semana).
Para o secretário André Spadaro, esses indicadores de queda nos números da pandemia podem ser atribuídos diretamente à vacinação e estão dentro do cronograma esperado. “Se considerarmos de hoje a 14 dias atrás, a queda nos casos positivos é da ordem de 60%, indicando que a tendência de redução persiste. A pressão por leitos no Hospital das Clínicas (referência para covid-19) continua elevada, visto que atende a mais de 30 municípios da região. Infelizmente, a transmissão segue elevada em todo o interior do Estado”, disse.
A vacinação em massa da população adulta, uma aposta de outras duas cidades – Serrana, no interior de SP, e Paquetá, no Rio -, aconteceu no dia 16 de maio e imunizou 71 mil pessoas com a primeira dose da Astrazeneca. A segunda aplicação está prevista para agosto. Considerando os idosos e grupos que não entraram na campanha, Botucatu já tem 80,53% dos 148 mil habitantes vacinados. A cidade participa de um estudo sobre a eficácia da vacina quando aplicada em toda a população e sua efetividade contra variantes do vírus. Especialistas já previam que os primeiros efeitos positivos aconteceriam a partir da segunda quinzena de junho.
Conforme o infectologista Carlos Magno Fortaleza, docente da Faculdade de Medicina de Botucatu e responsável pelo estudo, os efeitos da vacina diminuem a transmissibilidade do vírus, reduzindo os casos positivos. Em seguida, segundo ele, devem diminuir os casos graves, reduzindo a taxa de internações e mortes. “A expectativa é de que, após quatro semanas da primeira dose, o organismo comece a criar os anticorpos, fazendo com que haja um número menor de pessoas com sintomas da infecção”, disse.
No caso de Botucatu, essa redução já é sensível, no entanto, ainda é preciso comparar os números da cidade com os do Estado para saber se a redução ocorre só em Botucatu ou é maior na cidade. “Isso é esperado e coerente com o histórico da vacina, mas precisamos ver se Botucatu se descolou do estado nessa redução. De qualquer forma, estamos começando a respirar mais aliviados.”
Ele conta que, em sua enfermaria para covid-19 no HC de Botucatu, há duas semanas havia 18 pacientes internados, dos quais quatro esperavam vaga em UTI. “Hoje (quarta-feira, 23), temos oito pacientes e nenhum intubado ou esperando por UTI”, disse.
O projeto de estudo da vacina Astrazeneca envolve parcerias entre a Universidade Estadual Paulista (Unesp), que mantém a Faculdade de Medicina e o HC de Botucatu, a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que produz a vacina, além da prefeitura local, Ministério da Saúde e Fundação Gates.
Em parceria inédita, a vacinação foi realizada com apoio da Justiça Eleitoral, como se fosse uma eleição. Os vacinados estão sendo acompanhados. Os resultados do estudo devem ser divulgados ainda este ano.
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