Marcos Montes
O Brasil, assim como o resto do mundo, participa, entre os dias 8 e 16 de novembro, em Sharm El-Sheik, no Egito, da 27ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, popularmente conhecida como COP 27.
A maneira como o planeta se comporta no campo da produção de alimentos representa ponto importantíssimo no esforço de todas as nações para controlar o quadro atual de aumento de temperatura da Terra.
O combate às mudanças climáticas e a luta contra a insegurança alimentar são batalhas que devem ser travadas em um campo comum, que leve em consideração um modelo de produção sustentável, equilibrado em seus aspectos sociais, econômicos e ambientais.
O Brasil é um dos maiores produtores de alimentos do planeta, reconhecido por conciliar produtividade com conservação. Temos um importante aliado em nosso Código Florestal, uma das legislações ambientais mais rígidas do mundo, que determina a obrigatoriedade de preservação de vegetação nativa dentro das propriedades rurais, sem qualquer remuneração adicional ao produtor.
Em outubro, estive reunido, ao lado do ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, e do ministro das Relações Exteriores, Carlos França, com representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
A CNA ressaltou que o Brasil tem adotado, nos últimos anos, práticas descarbonizantes na produção de alimentos e, mais do que isso, que temos condições de apresentar ao mundo tecnologias que atendam à demanda crescente por alimentos por meio de uma produção sustentável.
É importante lembrar que o Brasil dispõe, além do Código Florestal, do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura – Plano ABC. Ele tem como finalidade organizar e planejar ações para a adoção das tecnologias de produção sustentáveis, com o objetivo de contribuir para o atingimento dos compromissos internacionais do Brasil em desenvolvimento sustentável e combate à mudança do clima, bem como para a redução da vulnerabilidade e a redução de emissões no setor agrícola.
O principal resultado dessa combinação entre produção e sustentabilidade é a quebra sucessiva de recordes de produção. Norteada por nosso Código Florestal e amparada nas tecnologias de ponta utilizadas no setor agropecuário nacional, a próxima safra brasileira de grãos será histórica. De acordo com o 1º Levantamento da Safra de Grãos 2022/2023, divulgado em outubro pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de grãos poderá atingir 312,4 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume superará em 41,5 milhões de toneladas o recorde obtido na temporada recentemente finalizada, quando foram colhidos 270,9 milhões de toneladas.
Diante dessa realidade, estou certo de que o Brasil caminha para assumir um papel de protagonismo em questões ligadas ao clima. Temos muito a contribuir no Egito com as pautas que serão discutidas durante a COP 27, principalmente àquelas ligadas ao combate à insegurança alimentar e à adaptação aos impactos da mudança do clima. Vamos mostrar ao mundo que, por meio de processos produtivos sustentáveis amparados em tecnologia de ponta, é possível gerar crescimento econômico inclusivo, aumentar a produção de alimentos e, ao mesmo tempo, enfrentar os efeitos das mudanças climáticas.
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento